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    Como startups de aluguel conseguem unir baixa inadimplência com pouca burocracia

    Empresas direcionam seus negócios a universitários que, na grande parte do tempo, dependem do orçamento dos pais

    Aline Macedo, do CNN Brasil Business, em São Paulo*

     

    A lista de exigências que as empresas fazem para fechar um contrato de aluguel — como a necessidade de um fiador ou o reconhecimento de firma em cartório — serve para conhecer melhor o candidato a inquilino e, consequentemente, tentar reduzir as chances de um calote. Nem sempre dá certo. Companhias mais modernas, por outro lado, dispensam essas obrigatoriedades e, ainda assim, conseguem operar com inadimplência perto de zero. Como conseguem?  

    Na startup Uliving, que desenvolveu uma plataforma de aluguéis por assinatura, o público-alvo é formado justamente por pessoas com as menores chances de comprovar renda certa no fim do mês: os universitários.

    Criada em 2012 pelos sócios Celso Martins e Juliano Antunes — atual CEO da companhia —, a empresa de hospedagem estudantil trabalha com locatários de idades entre 17 e 35 anos. 

    A empresa tem uma equipe que trabalha na realização de contratos digitais e garante um prazo de, no máximo, 10 dias entre a visita do imóvel até o dia da mudança. Mas isso não significa que eles não procurem conhecer as condições financeiras de seus clientes.

    Como a plataforma não exige fiador, investem em uma profunda análise de crédito dos interessados, que inclui documento com foto, comprovação de renda, verificação de antecedentes e nome negativado. Além disso, de acordo Antunes, uma das “garantias” para a companhia acaba sendo, justamente, a idade e o perfil dos locatários, já que muitos desses jovens dependem financeiramente dos pais. 

     

    “O fato de o nosso público ser estudantil faz com que muitos não tenham uma independência financeira, o que, em 80% dos casos, faz com que as mensalidades sejam encaminhadas diretamente para os pais. Isso garante uma maior responsabilidade nos pagamentos,” diz Antunes.

    Outra empresa que também atua no segmento de moradia estudantil é a LiveHere. Fundada em 2018, a organização, assim como a Uliving, trabalha de forma online e sem fiador. 

    A ideia do CEO da companhia, Vinicius Freitas, é oferecer o maior número possível de informações sobre os imóveis, o que, segundo ele, é uma forma de facilitar a participação dos pais no processo de escolha. Segundo ele, o que mais importa no processo de locação é a comprovação da renda da família. 

    Todo o processo de locação, desde a visita do imóvel até a análise de crédito, além da mudança, pode ser realizado em até quatro horas. 

    Freitas conta que, quando chegou a pandemia, a empresa fez renegociação de contratos com os inquilinos e deu diversos descontos para evitar um aumento na inadimplência, além de estimular a fidelidade dos clientes. 

    A LiveHere atua em cinco cidades no interior de São Paulo: Campinas, São Carlos, Ribeirão Preto, Sorocaba e São José dos Campos e tem mais de 8.000 imóveis em seu portfólio.

    Modelo conveniente

    Além dos estudantes, outro alvo da Uliving são os jovens profissionais. Na segunda metade do ano passado, para tentar driblar os efeitos da pandemia, os empresários trouxeram para o seu negócio o modelo “coliving”, relativamente novo no Brasil e que consiste num ambiente de moradia que fica entre um hotel e uma residência estudantil. 

    Deu certo. A taxa de ocupação de seus imóveis, que chegou a ser de 15% no primeiro semestre, passou para 50% na segunda metade do ano. Os planos, agora, são estender os negócios.

    Com residenciais em São Paulo, Sorocaba, Ribeirão Preto e Rio de Janeiro, o número de imóveis chega a 2.000. Estão nos planos da empresa ainda dois novos empreendimentos para 2021: um na região da Baixada Santista (SP), que será aberto ainda neste primeiro semestre, e o segundo em Pinheiros (SP), com previsão de inauguração no final do ano. 

    Quanto custa?

    Os valores variam de uma região para outra. Por exemplo, é possível alugar um apartamento de 25 metros quadrados na região de Ribeirão Preto pelo valor de R$ 1.400 por mês. Já na Praia do Flamengo, bairro valorizado do Rio de Janeiro, um apartamento de 35 metros quadrados está no valor de R$ 4.000 por mês.

    Já no caso da LiveHere, estão disponíveis kitnets, apartamentos, casas e pensões. Os valores variam entre R$ 830 a R$ 3.493 por mês.