Trump anuncia novas tarifas de até 40%; veja países atingidos
Casa Branca sinaliza que EUA devem adiar pausa sobre tarifas "recíprocas" mais altas que 10%
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou a pressão sobre os parceiros comerciais do país nesta segunda-feira (7), enviando cartas a líderes de vários países, informando-os sobre a aplicação de novas tarifas.
Ao mesmo tempo, a Casa Branca afirmou que Trump amenizaria a situação, com planos de assinar uma ação executiva ainda nesta segunda para estender a pausa das tarifas "recíprocas" em 20% para 1º de agosto.
Esperava-se que as taxas mais altas entrassem em vigor na quarta-feira (9). Em alguns casos, as cartas enviadas hoje por Trump falam em novas tarifas "recíprocas", maiores ou menores quando comparadas às anunciadas em abril.
O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, e o presidente sul-coreano, Lee Jae-myung, foram os primeiros destinatários das cartas de Trump.
Ambos os países enfrentarão uma tarifa de 25% a partir de 1º de agosto, afirmou Trump em publicações no Truth Social exibindo as cartas, o que pode dar aos países mais tempo para negociar acordos.
Cerca de duas horas depois, ele anunciou que cartas semelhantes foram enviadas à Malásia, Cazaquistão, África do Sul, Mianmar e Laos, informando seus líderes sobre novas tarifas de até 40%.
Mais tarde, o republicano voltou ao Truth Social para anunciar tarifas contra outras nações. São elas:
- Tunísia: 25%;
- Bósnia e Herzegovina: 30%;
- Indonésia: 32%;
- Bangladesh: 35%;
- Sérvia: 35%;
- Camboja: 36%;
- Tailândia: 36%.
Nas cartas quase idênticas, Trump disse que se opõe particularmente aos déficits comerciais que os Estados Unidos têm com esses países, o que significa que os EUA compram mais produtos de lá em comparação com a quantidade que as empresas norte-americanas exportam para esses países.
Trump também disse que as tarifas seriam definidas em resposta a outras políticas que, segundo ele, impedem a venda de produtos norte-americanos no exterior. Trump fez comentários semelhantes nas outras cinco cartas que enviou na segunda-feira.
“Por favor, entendam que o número de 25% é muito menor do que o necessário para eliminar a disparidade do déficit comercial que temos com o seu país”, diz Trump em ambas as cartas.
Ele encorajou os países a fabricar produtos nos Estados Unidos para evitar tarifas.
Isso ocorre antes do prazo inicial de 9 de julho para que os países fechem acordos ou enfrentem a ameaça de tarifas mais altas. Essa data marca o fim da pausa nas tarifas "recíprocas", que entrou em vigor brevemente em abril. Desde então, os países afetados têm enfrentado uma tarifa mínima de 10%.
No entanto, Leavitt disse que Trump assinará um decreto na segunda-feira adiando o prazo para agosto, o que é "no melhor interesse do povo americano". Ela também disse que o telefone de Trump "toca sem parar com líderes mundiais implorando para que ele chegue a um acordo".
No entanto, apenas três acordos foram anunciados nos últimos três meses.
Parceiros em alerta
"Não haverá tarifa" se a Coreia do Sul ou o Japão ou "empresas em seu país decidirem construir ou fabricar produtos nos Estados Unidos e, de fato, faremos todo o possível para obter aprovações de forma rápida, profissional e rotineira — em outras palavras, em questão de semanas", disse Trump em suas cartas.
Ele também ameaçou aumentar as tarifas em mais de 25% se a Coreia do Sul ou o Japão retaliassem contra os Estados Unidos com suas próprias tarifas.
Japão e Coreia do Sul são o sexto e o sétimo maiores parceiros comerciais dos Estados Unidos, respectivamente. No ano passado, ambos enviaram um total de US$ 280 bilhões em mercadorias para os norte-americanos, segundo dados do Departamento de Comércio dos EUA. Enquanto isso, compraram um total de US$ 145 bilhões.
A perspectiva de tarifas mais altas sobre produtos de ambos os países pode se traduzir em preços mais altos para os consumidores norte-americanos.
Entre os principais produtos importados pelos Estados Unidos desses países estão automóveis, autopeças, semicondutores, produtos farmacêuticos e máquinas. Trump impôs ou ameaçou impor tarifas específicas a setores específicos sobre muitos desses produtos.
"Se por qualquer motivo vocês decidirem aumentar suas tarifas, qualquer que seja o valor que vocês escolherem aumentá-las, isso será adicionado aos 25% que cobramos", disse Trump.
Em abril, o Japão enfrentaria uma tarifa de 24%, enquanto a Coreia do Sul enfrentaria uma tarifa de 25%.
Trump disse que essas taxas seriam "separadas de todas as Tarifas Setoriais", o que significa que, por exemplo, a nova tarifa não será acumulada à tarifa atual de 25% para automóveis, confirmou a Casa Branca. Isso também se aplicaria a quaisquer tarifas setoriais futuras, disse um funcionário da Casa Branca.
Ações afundam
Apesar disso, as ações de empresas com forte presença industrial no Japão e na Coreia do Sul sofreram forte queda. Por exemplo, as ações da Nissan Motors listadas nos EUA caíram mais de 7%, enquanto as ações da Toyota e da Honda recuaram 4%.
Essas quedas, no entanto, podem refletir a maior probabilidade de Trump aumentar as tarifas sobre carros dos dois países, caso eles retaliem contra as tarifas gerais de 25%, caso entrem em vigor, aplicando tarifas mais altas sobre produtos americanos.
"Essas tarifas podem ser modificadas, para cima ou para baixo, dependendo da nossa relação com o seu país. Vocês nunca se decepcionarão com os Estados Unidos da América", concluiu Trump, antes de assinar as cartas.
As ações americanas, que já estavam em queda, recuaram após o anúncio de novas tarifas. O Dow Jones recuou 667 pontos, ou 1,48%. O S&P 500 caiu 1,19% e o Nasdaq recuou 1,27%.
Traduzido por João Nakamura, da CNN, em São Paulo
