Banco24Horas quer ser uma alternativa de saque para o ‘coronavoucher’
Além de oferecer opção de saque digital, a Tecban, que administra a rede, quer disponibilizar os seus 23 mil postos de atendimento em 800 cidades
O auxílio do governo para auxiliar os mais pobres, desempregados e autônomos, em meio à pandemia, está próximo de sair do papel. Após ser sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro, o governo anunciará as medidas, regras, e, principalmente, locais para a retirada do chamado ‘coronavoucher’. E a Tecban, que administra a rede de caixas eletrônicos Banco24Horas pretende se colocar como uma das alternativas às aglomerações das agências dos bancos e serviços estatais.
A empresa oferecerá a opção de saque digital para todos os beneficiários do programa. A ideia é que o usuário possa sacar o benefício mesmo que não tenha conta bancária: o beneficiário terá que colocar apenas o número do CPF e um código numérico que será enviado pelo celular. O beneficiário não pagará nada pelo saque.
Como a Tecban já possui redes conectadas com os maiores bancos do país, o cadastro será puxado automaticamente pelos caixas eletrônicos – inclusive se a pessoa tiver somente um registro em programas sociais, como Bolsa Família, ou no PIS.
Dessa maneira, a Tecban quer disponibilizar os seus 23 mil postos de atendimento em 800 cidades para evitar aglomerações. “E, além das 140 milhões de pessoas que têm acesso a banco, vamos conseguir atender os 50 milhões de desbancarizados no país”, diz Jaques Rosenzvaig, presidente da Tecban, ao CNN Brasil Business.
O executivo espera um aumento de 20 milhões de transações com a entrada dos seus caixas eletrônicos no saque do benefício. Para Rosenzvaig, no entanto, isso não será o problema – houve uma queda de 10% no total de transações realizadas pela Tecban desde o início da quarentena em diversas cidades no Brasil. Será, basicamente, a troca de um para o outro.
Efeito coronavírus
Além da queda de saques causados pelos efeitos da quarentena, a Tecban também deve diminuir os seus investimentos neste ano. Nos últimos dez anos, a média de investimento da companhia foi de R$ 350 milhões. Em 2020, o aporte seria maior do que a média: R$ 430 milhões. Seria. Essa conta deve diminuir, segundo o presidente da empresa.
Por isso, a companhia começa a buscar alternativas em um mundo cada vez mais digital – e que o dinheiro não necessariamente virá na forma física. A entrada no pagamento de benefícios do governo é uma delas.
Além disso, a Tecban está de olho no crescimento também dos bancos digitais. Segundo Rosenzvaig, há 108 fintechs interessadas em utilizar os serviços da Tecban e dez empresas já são associadas da companhia. “É um aprendizado muito grande e estamos enxergando novas maneiras de atender aos clientes”, diz o executivo.
Sobre o fim do dinheiro diante do avanço dos pagamentos digitais, o executivo é categórico: crises como a do coronavírus mostram o quanto ele é essencial. Apesar da queda de 10% no volume de saques, houve um aumento de 15% no valor médio. “O nosso serviço mostra que continua sendo essencial mesmo em cenários mais abrasivos. E acreditamos que a retomada virá em breve”, diz Rosenzvaig.
A Tecban é controlada pelos principais bancos do país: Itaú (com fatia de 28,95%), Bradesco (24,32%), Santander (19,81%), Banco do Brasil (12,52%), Caixa (11,61%) e Banorte (2,78%). Em 2019, a empresa faturou R$ 2,4 bilhões e teve um lucro líquido de R$ 57 milhões.