Defesa de Cuca divulga nota repudiando “irresponsável linchamento”
Em nota, advogados criticam a cobertura da imprensa sobre as acusações de crime sexual contra o técnico, afirmam que processo é sigiloso e que “distorções e especulações” serão responsabilizadas “cível e penalmente”
Os advogados de defesa do técnico Cuca divulgaram nota na sexta-feira (28) se posicionando contra as recentes reportagens na imprensa brasileira a respeito da acusação de crime sexual contra uma menina de 13 anos em 1987 na Suíça. Na época, o hoje treinador era atleta do Grêmio, que estava em excursão no exterior.
“A defesa de Cuca reputa ser lamentável o irresponsável linchamento por situações ocorridas há 34 anos e contrária à realidade dos fatos”, afirma a nota, que também diz que “Cuca não manteve qualquer relação ou contato físico com a vítima, que, aliás, não o reconheceu”, dizem os advogados Daniel Bialski e Ana Beatriz Saguas.
Na ocasião, Cuca acabou detido junto de três companheiros (Eduardo Hamester, Henrique Etges e Fernando Castoldi). Eles ficaram presos por 30 dias na Suíça e depois retornou ao Brasil. A condenação foi dada dois anos depois, em 1989. O técnico declarou que não tinha conhecimento do julgamento e, por isso, não se defendeu na Justiça.
Nos últimos anos, reportagens sobre o caso voltaram a ser publicadas pela imprensa brasileira. Com a maior repercussão do caso, Cuca chegou a falar sobre o assunto em 2021. Em uma entrevista à jornalista Marília Ruiz, ao lado da mulher e de suas filhas, Cuca negou o estupro. “Não houve estupro como falam, como dizem as coisas. Houve uma condenação por ter uma menor adentrado o quarto. Simplesmente isso. Não houve abuso sexual, tentativa de abuso ou coisa assim. Eu estava no Grêmio havia duas ou três semanas apenas, não conhecia ninguém. Eu jamais toquei numa mulher indevidamente ou inadequadamente”.
As notícias sobre o assunto se multiplicaram nas últimas semanas, depois que Cuca foi contratado como treinador do Corinthians. Houve várias manifestações de repúdio pela contratação, vindas de torcedores e até mesmo do elenco do time feminino.
Com isto, surgiram várias revelações, agora contestadas pela defesa. A mais recente, partindo do advogado da vítima e posteriormente da Justiça da Suíça, é que havia sêmen de Cuca no corpo da menina. A informação foi publicada pelo site GE, que entrou em contato com Barbara Studer, diretora dos Arquivos do Estado do Cantão de Berna, na Suíça.
Devido às pressões, Cuca deixou o cargo de técnico do Corinthians na última quinta-feira. Desde que foi anunciado pelo clube, o treinador alegou que era inocente e que não havia participado do crime.
A nota da defesa classificou como “injustificável” as recentes reportagens na imprensa sobre o assunto, citando que o caso prescreveu e foi “definitivamente arquivado”. Apontou ainda que “distorções e especulações” serão responsabilizadas cível e penalmente, “ainda mais por se tratar de processo sigiloso”.
Confira a nota na íntegra:
NOTA À IMPRENSA
“A defesa de Cuca reputa ser lamentável o irresponsável linchamento por situações ocorridas há 34 anos e contrária à realidade dos fatos. Reafirme-se que Cuca não manteve qualquer relação ou contato físico com a vítima, que, aliás, não o reconheceu, conforme confirmado por diversas reportagens daquela época.
Injustificável a imprensa ressuscitar um processo atingido pela prescrição e definitivamente arquivado.
Distorções e especulações serão responsabilizadas cível e penalmente, ainda mais por se tratar de processo sigiloso, evidenciando a precariedade e inconsistência de qualquer pretensa informação fornecida por terceiros”.
São Paulo, 28 de abril de 2023.
Daniel Bialski e Ana Beatriz Saguas
(Publicado por Fábio Mendes)