Análise: Brasil vê poucas chances de tarifas não serem aplicadas
Governo brasileiro trabalha com cenário de implementação das taxas de 50% sobre produtos nacionais a partir de 1º de agosto e busca alternativas de negociação
O governo brasileiro já trabalha com a perspectiva de que as tarifas de 50% sobre produtos nacionais, anunciadas pelos Estados Unidos, serão inevitavelmente implementadas a partir de 1º de agosto.
Na análise de Américo Martins, correspondente da CNN em Londres, o Planalto considera que há pouco espaço para recuo nas medidas anunciadas por Donald Trump.
As autoridades brasileiras consideram as demandas americanas como essencialmente políticas, com alguns setores do governo classificando-as como tentativas de influenciar a democracia brasileira visando as eleições do próximo ano.
Diante deste cenário, o Brasil adotou a postura de não negociar aspectos políticos relacionados às exigências americanas.
Estratégia em duas frentes
O Brasil está desenvolvendo uma estratégia dupla para lidar com a situação. A primeira frente envolve a gestão imediata das tarifas que devem entrar em vigor, enquanto a segunda concentra-se nas negociações comerciais baseadas na seção 301 da Lei de Comércio dos Estados Unidos.
Esta segunda via de negociação é vista com mais otimismo pelo governo brasileiro, por se tratar de uma discussão puramente comercial.
A lei americana, datada da década de 70, permite uma investigação abrangente do comércio bilateral, similar ao processo realizado anteriormente com a China.
O governo brasileiro pretende focar seus esforços nas negociações comerciais através da seção 301, buscando potencialmente reduzir parte das tarifas que serão implementadas.
Embora exista a possibilidade de empresas americanas contestarem as medidas judicialmente, fontes do governo brasileiro avaliam que muitas podem hesitar em fazê-lo, temendo retaliações da Casa Branca.


