Chanceler russo acusa Ucrânia de minar negociações entre Trump e Putin
Ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, afirma que Kiev não está interessada em acordo de paz

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, acusou a Ucrânia e a Europa de minar os esforços dos Estados Unidos para resolver o conflito, após a cúpula no Alasca entre os presidentes Donald Trump e Vladimir Putin.
Em entrevista coletiva ao lado de seu homólogo indiano, Subrahmanyam Jaishankar, na quinta-feira (21), Lavrov afirmou que os objetivos de Kiev contrariam o esforço da Rússia e dos Estados Unidos para "eliminar as causas profundas da crise ucraniana".
Lavrov também afirmou que representantes europeus estavam deliberadamente tentando "interromper a agenda" para alcançar um acordo de paz sustentável, "ignorando os interesses russos" e desviando a discussão para o fornecimento de garantias de segurança para a Ucrânia "sem a participação da Federação Russa".
Ele expressou esperança de que o que chamou de "conspiração" fracassasse, prometendo que Moscou continuaria seguindo o caminho "claramente acordado" durante as negociações no Alasca.
"O regime ucraniano e seus representantes estão comentando a situação atual de forma muito específica, demonstrando diretamente que não estão interessados em uma solução sustentável, justa e de longo prazo", disse ele.
O ministro reiterou que a Rússia apoia apenas as garantias de segurança acordadas em Istambul em abril de 2022, classificando quaisquer outras propostas como "empreendimentos absolutamente fúteis". Documentos publicados após o fracasso dos acordos de Istambul sugeriram que Moscou queria ser considerada uma garantidora neutra da segurança da Ucrânia no pós-guerra, juntamente com outros integrantes permanentes do Conselho de Segurança da ONU.
Questionado sobre um possível encontro entre Putin e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, Lavrov disse que Moscou está aberta, em princípio, sob o entendimento de que "todas as questões... serão resolvidas" primeiro e, quando se tratar da assinatura de um acordo de paz, "a questão da legitimidade da pessoa que assinará futuros acordos em nome da Ucrânia será resolvida".
O ministro estava se referindo à alegação do governo russo de que Zelensky é um presidente ilegítimo devido ao seu mandato terminar tecnicamente em maio de 2024, ignorando o fato de que as condições de guerra proíbem legalmente eleições e permitem que ele permaneça no cargo.
Lavrov também alertou contra qualquer envio de tropas estrangeiras à Ucrânia, classificando-a como "absolutamente inaceitável" para a Rússia e "todas as forças políticas sensatas na Europa".
"Como demonstram as discussões do Ocidente com o lado ucraniano, todos esses planos estão relacionados à concessão de garantias por meio de intervenção militar estrangeira em alguma parte do território ucraniano", disse ele.
"E espero sinceramente que aqueles que estão elaborando tais planos... entendam que isso será absolutamente inaceitável para a Federação Russa e para todas as forças políticas sensatas na Europa", acrescentou.