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    Entenda o que aconteceu na usina nuclear de Zaporizhzhia

    Depois de ser alvejado por um projétil, o prédio de treinamento, localizado na área externa do complexo do reator principal, começou a pegar fogo

    Douglas Portoda CNN* , em São Paulo

    Após ofensiva das tropas russas na área da usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior desse tipo em toda a Europa, foi iniciado um incêndio em suas proximidades na madrugada da sexta-feira (4) em Enerhodar, na Ucrânia (por volta das 21h, da quinta-feira, 3, no horário de Brasília).

    Segundo o Serviço de Emergência do Estado da Ucrânia, depois de ser alvejado por um projétil, o prédio de treinamento, localizado na área externa do complexo da unidade, começou a pegar fogo.

    O órgão regulador ucraniano informou à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), por volta das 23h (de Brasília), que não houve alteração relatada nos níveis de radioatividade da usina.

    A AIEA explicou também que os equipamentos “essenciais” não haviam sido afetados, e que funcionários do local estavam “tomando ações mitigatórias”.

    O porta-voz de Zaporizhzhia, Andrii Tuz, afirmou à CNN, que a usina não sofreu nenhum dano crítico, embora apenas uma entre seis unidades de geração de energia estivesse em operação. Ele declarou que pelo menos uma dessas unidades foi atingida durante o conflito. “Muitos equipamentos técnicos foram atingidos”, acrescentou.

    Mapa de conflitos na Ucrânia, com destaque para as usinas nucleares de Zaporizhzhia e Chernobyl / Arte/CNN

    Pela manhã, por volta de 6h, as forças russas tomaram o controle da usina, de acordo com a Inspetoria Reguladora Nuclear ucraniana. As condições de energia e os requisitos de operação estavam sendo monitorados, segundo o órgão.

    O incêndio foi controlado perto das 10h, com os responsáveis pela usina afirmando que ela já estaria operando normalmente.

    Um funcionário da Energoatom, empresa estatal que administra as quatro usinas nucleares da Ucrânia, ratificou que não houve mais confrontos e que a radiação estava em níveis normais. Ele confirmou que as forças russas estavam no controle da planta.

    O diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, reiterou que não houve vazamento de material radioativo ou danos a estrutura do complexo, mas que dois membros da equipe de segurança ficaram feridos após confronto com as forças russas.

    “O que entendemos é que este projétil vem das forças russas. Não temos detalhes sobre o tipo de projétil”, alegou Grossi, em entrevista coletiva.

    Detalhes do mapa da usina nuclear de Zaporizhzhia / Arte/CNN

    Manifestações de autoridades

    Por meio das redes sociais, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky publicou um vídeo mostrando o momento em que Zaporizhzhia foi atingida por sinalizadores. “Agora! Rússia incendeia central nuclear na Ucrânia”, disse.

    O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, publicou que os “ataques” contra a usina partiram de “todos os lados”. Ele disse também que, se houvesse uma explosão, seria “dez vezes maior do que Chernobyl”.

    Kuleba estava se referindo ao acidente na usina de Chernobyl, em 1986, quando a Ucrânia ainda fazia parte da União Soviética. Esse é considerado o pior desastre nuclear da história.

    O prefeito de Enerhodar, Dmytro Orlov, considerou a ocorrência como “uma ameaça à segurança mundial”.

    Durante a reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), realizada após a ofensiva, o embaixador da Ucrânia, Sergyi Kyslytya, afirmou que os russos cometeram “terrorismo nuclear” ao tomar Zaporizhzhia.

    Kyslytya proclamou que houve baixa entre funcionários que tentavam defender o local e que não foi possível fazer troca de turnos. Além disso, a rede de telefonia estaria interrompida e edifícios danificados.

    “A unidade de geração de energia 1 está parada, parte do edifício está danificada. Unidades 2 e 3 estão desconectadas da matriz e o resfriamento está sendo conduzido. A Unidade 4 produz energia e a 5 e a 6 estão pausadas. O órgão de vistoria de energia atômica da Ucrânia não teve acesso à usina”, disse.

    A Embaixada dos Estados Unidos em Kiev expressou que atacar uma usina nuclear constitui um crime de guerra.

    "É um crime de guerra atacar uma usina nuclear. O bombardeio de [Vladimir] Putin da maior usina nuclear da Europa leva seu reinado de terror um passo adiante."

    O Ministério da Defesa da Rússia culpou "sabotadores ucranianos" pelo ataque à usina. O porta-voz da pasta, Igor Konashenkov, declarou que Zaporizhzhia estava operando normalmente e que a área estava sob controle russo desde 28 de fevereiro.

    “Entretanto, na noite passada, no território adjacente à usina, foi feita uma tentativa pelo regime nacionalista de Kiev de realizar uma monstruosa provocação”, manifestou Konashenkov.

    (*Com informações da CNN Internacional e da Reuters)

     

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