Exclusivo: “Todos precisam parar com essa luta”, diz Zelensky à CNN
Presidente ucraniano concedeu uma entrevista exclusiva à CNN diretamente do bunker em Kiev
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu ao presidente norte-americano Joe Biden que dê uma mensagem forte e “útil” sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia em seu discurso sobre o Estado da União nesta terça-feira (1º), em uma entrevista exclusiva à CNN do bunker em Kiev de onde ele está liderando a resposta de seus militares.
“É muito sério… não estou em um filme”, disse Zelensky, ex-ator de comédia, à CNN. “Não sou um ícone, acho que a Ucrânia é um ícone […] A Ucrânia é o coração da Europa, e agora acho que a Europa vê a Ucrânia como algo especial para este mundo. É por isso que o mundo não pode perder esse algo especial”.
Zelensky afirmou que enquanto o ataque de Moscou às cidades ucranianas continuar, pouco progresso poderá ser feito nas negociações.
“Você tem que falar antes de tudo. Todo mundo tem que parar de lutar e voltar ao ponto de onde começou cinco, seis dias atrás“, disse Zelensky. “Acho que há coisas principais que você pode fazer… Se você fizer isso, e aquele lado fizer isso, significa que eles estão prontos para a paz. Se eles (não estiverem) prontos, significa que você está apenas perdendo tempo”.
Questionado se achava que a Ucrânia está perdendo tempo conversando com a Rússia, ele disse: “Vamos ver”.
“Eles decidiram a conversar a falar sobre a situação. Eu queria mesmo, primeiramente, todo mundo tem que parar com as batalhas e voltar para o ponto de partida. Onde tudo começou. Isso seis dias atrás. Acho que há coisas fundamentais que precisam ser feitas e que esse é o momento. Se esses fatores forem atendidos, se o outro lado puder atender, então eles estão prontos. Se eles não estiverem prontos, isso quer dizer que foi tudo uma perda de tempo.”
Sobre o pedido de fechamento do espaço aéreo e reforço de tropas, Zelensky declarou que já recorreu a outros líderes mundiais com esse pedido.
“Os líderes democráticos do mundo que defendem esses assuntos devem prestar atenção, tudo isso nos ajuda tremendamente. Nós conversamos várias vezes com o presidente Biden, sou grato a ele pelo apoio. Mas ele também não me ouviram. Eu tenho dito que a Ucrânia vai lutar com o máximo de suas forças. Vocês vão ver que isso a Rússia não poderia fazer.”
O líder ucraniano afirmou que resistência do país conseguiu vitórias significativas por terem conhecimento do terreno em que estão lutando e que não subestima um reforço do efetivo russo.
“Nós temos o que precisamos para nos proteger. Eles não entendem isso. Não conhecem nossas ruas, não conhecem nosso povo. Não entendem nossas filosofias e aspirações, que tipo de povo nós somos. Não conhecem nada aqui, foram simplesmente enviados para lutarem e morrerem.”
“Hoje estamos vendo como o nosso Exército funciona. Apesar de estarmos nos preparando, é importante não subestimar o nosso inimigo e antecipar as ações. É por isso que não gostávamos da situação em que colocávamos tudo em risco e dizíamos para o mundo que estávamos nos preparando para uma guerra.”
Autoridades dos dois países se reuniram pela primeira vez na segunda-feira (28) desde que a invasão russa começou na semana passada. Novos ataques abalaram Kiev nesta terça-feira, com a Rússia intensificando seu ataque à capital e outros locais importantes.
Há temores de que a Rússia esteja tentando derrubar a infraestrutura de comunicações da cidade depois de atingir uma área perto da torre de TV de Kiev, derrubando equipamentos de transmissão, de acordo com o Ministério de Assuntos Internos da Ucrânia.
Zelensky recebeu elogios da imprensa mundial por sua resposta à invasão da Rússia, tendo recusado ofertas de evacuação e, em vez disso, entregando mensagens frequentes aos ucranianos enquanto Kiev é atacada.
Na terça-feira, ele foi aplaudido de pé ao se dirigir ao Parlamento Europeu por meio de um link de vídeo, dizendo: “Estamos lutando por nossa vida”. Ele também solicitou a admissão urgente da Ucrânia na União Europeia.
Refugiados deixam a Ucrânia
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Refugiados da Ucrânia chegam a abrigo temporário em Korczowa, na Polônia • Sean Gallup/Getty Images
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Refugiados choram e se abraçam após encontrar parentes do outro lado da fronteira da Ucrânia com a Polônia • Attila Husejnow/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
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Pessoas esperam por refugiados em estação de trem nas proximidades da fronteira entre Rússia e Ucrânia • Janos Kummer/Getty Images
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Refugiada ucraniana cruza a pé a fronteira da Ucrânia com a Polônia • Attila Husejnow/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
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Refugiados acampam perto da fronteira entre a Ucrânia e a Polônia • Beata Zawrzel/NurPhoto via Getty Images
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Abrigo de refugiados ucranianos na Polônia • Agnieszka Majchrowicz/Anadolu Agency via Getty Images
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Estação de trem na Polônia registra alto fluxo de refugiados vindos da Ucrânia • Agnieszka Majchrowicz/Anadolu Agency via Getty Images
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Pessoas evacuam a cidade de Irpin, a noroeste de Kiev, no décimo dia da guerra Rússia-Ucrânia em 5 de março de 2022 • Wolfgang Schwan/Anadolu Agency via Getty Images
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Crianças evacuadas de um orfanato em Zaporizhzhia chegam ao principal terminal ferroviário em Lviv, Ucrânia, no dia 5 de março • Dan Kitwood/Getty Images
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Estudantes indianos voltaram da Ucrânia depois da invasão da Rússia; pais e outros parentes se emocionaram ao receber os alunos no aeroporto internacional Índia Gandhi, em Nova Délhi, Índia, no dia 5 de março. Governo indiano amplia a Operação Ganga, uma operação de resgate para evacuar cidadãos indianos • Salman Ali/Hindustan Times via Getty Images
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Refugiados que fugiram da Ucrânia estão sendo abrigados em um ginásio esportivo em Zgorzelec, na Polônia • Danilo Dittrich/picture alliance via Getty Images
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Pessoas que fugiram da guerra na Ucrânia encontram abrigo em ginásio esportivo convertido temporariamente em um abrigo, na região de Nowa Huta, em Cracóvia, na Polônia, em 15 de março de 2022 • Omar Marques/Getty Images
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Refugiados ucranianos cruzam a ponte sobre o rio Tisza, que conecta a Ucrânia com a Romênia • Denise Hruby/CNN
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Refugiados e voluntários locais descarregando ajuda vinda da Romênia • Denise Hruby/CNN
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Refugiados ucranianos estão sendo acolhidos em centro a dois quilômetros de distância do antigo campo de extermínio nazista de Auschwitz-Birkenau • Reuters
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Rada, 2 anos, alimenta-se em Medyka, Polônia, após deixar a Ucrânia 11/03/2022 • REUTERS/Fabrizio Bensch
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Ponto de ajuda para refugiados da Ucrânia que foi inaugurado no Estádio Municipal Henryk Reymans. em Cracóvia, na Polônia • NurPhoto via Getty Images
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Pessoas retiradas da região de Mariupol, na Ucrânia • Foto: Alexander Ermochenko/REUTERS
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Voluntários preparam ajuda humanitária para refugiados em Lviv, Ucrânia • 06/03/2022REUTERS/Pavlo Palamarchuk