Falta de aliados próximos explica investimentos do Irã em programa nuclear, explica professor
Professor Sandro Teixeira explica que o desenvolvimento nuclear iraniano é uma resposta à sua posição geopolítica isolada na região
O programa nuclear do Irã tem sido um tema de grande preocupação internacional, especialmente para países como Israel e Estados Unidos. Em entrevista à CNN Brasil, o professor de Defesa e Segurança Internacional, Sandro Teixeira, esclareceu os motivos por trás dos investimentos iranianos neste setor.
Segundo Teixeira, a principal razão para o Irã buscar o desenvolvimento de armas nucleares é sua posição geopolítica isolada na região. “Quando olhamos a geopolítica da região, observamos que o Irã não é um país com grandes aliados”, explicou o professor. O único aliado estatal na região seria o governo sírio de Bashar al-Assad, que ainda enfrenta uma guerra civil.
Desconfiança regional e estratégia de defesa
O especialista ressaltou que os outros países da região veem o Irã com desconfiança e até hostilidade. Esta situação levou o país a buscar alternativas para sua segurança, incluindo o desenvolvimento de um dispositivo atômico que poderia impedir ataques de nações hostis.
O programa nuclear iraniano tem décadas de desenvolvimento e é fortemente protegido pelos serviços de inteligência e pela Guarda Revolucionária do país. No entanto, tem sido alvo de ações de sabotagem, principalmente por parte de Israel, que vê a possibilidade de um Irã nuclear como uma ameaça existencial.
Tensões internacionais e corrida armamentista
Teixeira mencionou operações como a “Jogos Olímpicos” em 2011, uma ação conjunta de Israel e Estados Unidos que atrasou significativamente o programa nuclear iraniano ao atacar suas centrífugas. Além disso, Israel teria conduzido uma campanha de assassinatos de cientistas iranianos para dificultar o avanço do programa.
O professor também destacou que o desenvolvimento nuclear do Irã ocorre em paralelo com seu programa de mísseis balísticos, que serviriam como plataforma para possíveis armas atômicas. Esta situação gera tensões não apenas com Israel, mas também com outros países da região, como a Arábia Saudita, que disputa a hegemonia regional com o Irã.
Com as incertezas políticas nos Estados Unidos e a possibilidade de uma administração mais linha-dura em relação ao Irã, Teixeira aponta que há um sentimento de urgência por parte dos iranianos para acelerar seu programa nuclear, visando não apenas enfrentar Israel, mas também os Estados Unidos nessa questão geopolítica altamente sensível.
