Governo Trump busca eliminar proteções para espécies ameaçadas de extinção
Duas agências propuseram restaurar as regras do primeiro mandato do republicano; grupos ambientalistas criticaram

O governo Trump tomou medidas na quarta-feira (19) para revogar proteções da administração de Joe Biden para espécies ameaçadas de extinção e seus habitats.
O Serviço de Pesca e Vida Selvagem, do Departamento do Interior dos EUA, e o Serviço Nacional de Pesca Marinha propuseram restaurar as regras do primeiro mandato do republicano, que eliminaram proteções para plantas e animais ameaçados pelo desenvolvimento humano e pelo aquecimento global.
Especificamente, a proposta permite que fatores econômicos sejam considerados prioritários na determinação de quais espécies ameaçadas de extinção merecem proteção sob a antiga lei ambiental.
As duas agências também propuseram eliminar a chamada "regra geral", que estende as proteções de espécies em perigo a espécies listadas como "ameaçadas" de extinção.
Essa regra geral havia sido contestada em um tribunal federal por grupos de defesa dos direitos de propriedade, mas o litígio foi suspenso enquanto o governo Trump reescrevia a norma.
Agora, a regra passará por um período de 30 dias de consulta pública antes de ser finalizada.
Autoridades do governo defenderam a proposta como sendo de bom senso. Grupos industriais têm reclamado há anos que as leis ambientais se tornaram muito restritivas para grandes projetos de energia, mineração e desenvolvimento.
“Esta administração restaurará a Lei de Espécies Ameaçadas ao seu propósito original, protegendo as espécies por meio de padrões claros, consistentes e legais que também respeitem o sustento dos americanos que dependem de nossas terras e recursos”, disse o secretário do Interior dos EUA, Doug Burgum, em um comunicado.
Já grupos ambientalistas criticaram a medida e afirmaram ser potencialmente devastadora para espécies ameaçadas de extinção.
“Ao promover perfuração, mineração, terraplenagem, exploração madeireira e desenvolvimento em detrimento do habitat, esta administração afastará ainda mais a vida selvagem mais amada da América da recuperação e a aproximará da extinção”, disse Jane Davenport, advogada sênior da Wildlife Defenders, em um comunicado.
“Espécies ameaçadas como o peixe-boi-da-Flórida podem facilmente perder o progresso alcançado em sua recuperação e se aproximar ainda mais do status de espécie em perigo de extinção", adicionou.
Defensores do meio ambiente também argumentaram que há um forte apoio público à proteção de espécies ameaçadas de extinção.
“Os ataques de Trump à Lei de Espécies Ameaçadas são uma grave deturpação do sentimento público”, avaliou Kristen Boyles, advogada da Earthjustice, em um comunicado.
“A maioria das pessoas não permitirá que nosso mundo natural seja sacrificado em prol de um grupo de bilionários e interesses corporativos", concluiu.

