‘Intervenção dos Estados Unidos no Afeganistão foi um fracasso’, diz professor
Foram 20 anos de ocupação de tropas americanas no país que terminaram em dias caóticos e de violência, segundo análise de Aureo Toledo
A intervenção dos Estados Unidos no Afeganistão foi um fracasso. Esta é a avaliação de Aureo Toledo, professor de relações internacionais da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
Foram 20 anos de ocupação de tropas americanas que terminaram em dias caóticos e de violência, com os ataques promovidos pelo grupo Estado Islâmico-K. Com a saída dos americanos, cresce também a expectativa para a formação de um novo governo oficial do Talibã.
“[A invasão dos Estados Unidos] foi um fracasso. Ainda que em algum momento ela tenha priorizado a questão do contraterrorismo, da caçada ao Al-Qaeda e do assassinato do Bin Laden, em termos de legado para o Afeganistão o resultado é muito ruim”, afirmou Toledo.
Isso porque a intervenção, que tinha como objetivo reconstruir e entregar uma democracia com orientação para o mercado, não deu nenhum resultado. “Eles [os americanos] não conseguiram entregar programas que apresentassem alternativa para o povo afegão.”
“Num processo de paz, o que precisa fazer em alguma medida é apresentar uma alternativa de futuro para uma população, mas essa alternativa demanda uma série de esforços, dentre eles desarmar, desmobilizar e reintegrar parte das antigas milícias ao processo de paz que está sendo construindo, e isso nunca foi feito.”
Segundo o professor, o Talibã e uma parte significativa da população que apoiava o grupo foi excluída da maior parte do processo político após a chegada dos Estados Unidos, em 2001.
Fotos – a saída dos EUA do Afeganistão
- 1 de 14
Soldado americano cuida de criança em um dos pontos de checagem no aeroporto de Cabul
Crédito: U.S. Marine Corps/Sgt. Victor Mancilla/AP - 2 de 14
Soldados americanos fazem a segurança da região do Aeroporto de Cabul, no Afeganistão
Crédito: US Marine Corps/AP - 3 de 14
Multidão aguarda do lado de fora do aeroporto em Cabul
Crédito: , Afeganistão25/08/2021 foto obtida via rede social. Twitter/DAVID_MARTINON via REUTERS - 4 de 14
Centenas de pessoas ainda tentam entrar no aeroporto de Cabul para deixar o Afeganistão
Crédito: Wali Sabawoon - 26.ago.2021/AP - 5 de 14
Soldados americanos nos arredores do aeroporto de Cabul, no Afeganistão
Crédito: AP/US Marin Corps - 6 de 14
Pessoas deixam o Afeganistão pelo aeroporto internacional de Cabul
Crédito: Sgt. Samuel Ruiz/Corpo dos Fuzileiros Navais dos EUA/Divulgação via REUTERS - 7 de 14
Famílias retiradas do Afeganistão desembarcam no Aeroporto Internacional Washington Dulles, nos EUA
Crédito: Jose Luis Magana - 25.ago.2021/AP - 8 de 14
Multidão exibe seus documentos para tropas norte-americanas do lado de fora do aeroporto em Cabul
Crédito: , Afeganistão26/08/2021 REUTERS/Stringer - 9 de 14
Mulheres afegãs chegam em aeroporto em Washington
Crédito: AP Photo/Jose Luis Magana - 10 de 14
Centenas de afegãos tentaram embarcar à força em avião americano em fuga desesperada da capital Cabul após invasão do Talibã
Crédito: - 11 de 14
Exército alemão também retirou-se por completo do Afeganistão
Crédito: (AP Photo/Martin Meissner) - 12 de 14
Oficial dos EUA cuida de um bebê afegão durante checagem para evacuação
Crédito: Cpl. Davis Harris/U.S. Marine Corps via AP - 13 de 14
EUA e voos de coalizão retiraram 21.600 pessoas de Cabul em 24 horas
Crédito: IMAGEM DE SATÉLITE 2021 MAXAR TECHNOLOGIES/Handout via REUTERS - 14 de 14
Centenas de norte-americanos e afegãos embarcam em avião C-17 da Força Aérea dos EUA no Aeroporto Internacional Hamid Karzai, em Cabul
Crédito: Sgt. Donald R. Allen - 24.ago.2021/U.S. Air Force via AP
“Em 2002, 2003, o Talibã estava tão fragilizado que tentou participar dessas negociações políticas, mas foi vetado. Aí, a influência do Talibã cresceu, o que culminou numa reorganização a partir de 2005 e que nunca foi combatida, e o resultado nós vemos: os Estados Unidos entraram para tirar o Talibã e agora saem com o Talibã.”