ONU e líderes mundiais condenam Israel por operações militares na Síria

Ataques israelenses aumentaram no território sírio desde a queda do regime de Bashar al-Assad

Da Reuters
O primeiro-ministro de israel, Benjamin Netanyahu, fala sobre a situação na Síria 08/12/2024
O primeiro-ministro de israel, Benjamin Netanyahu, fala sobre a situação na Síria 08/12/2024  • Reuters / Reprodução
Compartilhar matéria

A Organização das Nações Unidas e diversos países condenaram Israel na quarta-feira (11) por suas operações militares contínuas na Síria, apesar do governo interino sírio ter anunciado na terça-feira (10) que havia oficialmente assumido o poder.

O Secretário-Geral da ONU, Antonio Guterres, que estava em visita à África do Sul, fez uma última declaração sobre a questão síria na noite de quarta-feira.

Ele reiterou que a integridade territorial e a soberania da Síria devem ser mantidas e pediu a todas as partes envolvidas para promover um processo político inclusivo.

Guterres também condenou a contínua ocupação ilegal de Israel das Colinas de Golã, dizendo que tais ações não só violam o direito internacional, mas também exacerbam ainda mais a situação na região.

No mesmo dia, vários países, incluindo a Rússia, a França e a Alemanha emitiram declarações condenando as recentes operações militares de Israel na Síria.

Porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, expressou em uma conferência de imprensa que as recentes ações militares israelenses em território sírio violaram o Acordo sobre a Desconexão entre Israel e a Síria assinado em 31 de maio de 1974, exacerbando a turbulência na Síria.

O Ministério das Relações Exteriores francês disse que Israel deve retirar suas tropas da zona de proteção entre as Colinas de Golã ocupadas e território sírio. Também observou que qualquer implantação militar zona-tampão violaria o Acordo sobre a Desvinculação.

A ministra alemã dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, pontuou que a Alemanha não permitiria que o processo de diálogo interno na Síria fosse prejudicado por forças externas.

Ataques de Israel na Síria após queda de Assad

As Forças de Defesa israelenses anunciaram na quarta-feira que atingiram a maioria das reservas estratégicas de armas da Síria nas últimas 48 horas. Na zona de proteção no sul da Síria, o exército israelense apreendeu recentemente vários tanques sírios e muitos armas e equipamentos.

O exército israelense afirmou que atualmente continua a operar na Síria e na zona de amortecimento entre os dois países.

Eles também disseram que sua brigada de paraquedistas e comandos estão conduzindo operações defensivas e eliminando ameaças na zona-tampão.

Entenda o conflito na Síria

O regime da família Assad foi derrubado na Síria no dia 8 de dezembro, após 50 anos no poder, quando grupos rebeldes tomaram a capital Damasco.

O presidente Bashar al-Assad fugiu do país e está em Moscou após ter conseguido asilo, segundo uma fonte na Rússia.

A guerra civil da Síria começou durante a Primavera Árabe, em 2011, quando o regime de Bashar al-Assad reprimiu uma revolta pró-democracia.

O país mergulhou em um conflito em grande escala quando uma força rebelde foi formada, conhecida como Exército Sírio Livre, para combater as tropas do governo.

Além disso, o Estado Islâmico, um grupo terrorista, também conseguiu se firmar no país e chegou a controlar 70% do território sírio.

Os combates aumentaram à medida que outros atores regionais e potências mundiais — da Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos à Rússia — se juntaram, intensificando a guerra no país para o que alguns observadores descreveram como uma "guerra por procuração".

A Rússia se aliou ao governo de Bashar al-Assad para combater o Estado Islâmico e os rebeldes, enquanto os Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional para repelir o grupo terrorista.

Após um acordo de cessar-fogo em 2020, o conflito permaneceu em grande parte "adormecido", com confrontos pequenos entre os rebeldes e o regime de Assad.

Mais de 300 mil civis foram mortos em mais de uma década de guerra, segundo a ONU, e milhões de pessoas foram deslocadas pela região.