Portugal se prepara para eleição parlamentar; veja o que dizem as pesquisas

Eleitores estão cada vez mais frustrados com as elites políticas e um ciclo de governos de curta duração e impasse legislativo

Da Reuters
Votação nas eleições legislativas de Portugal  • Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images
Compartilhar matéria

Os portugueses irão às urnas neste domingo (18), na terceira eleição geral do país em pouco mais de três anos.

Isso ocorre também após um período de 10 anos de governos frágeis, dos quais apenas um teve maioria parlamentar, mas que, mesmo assim, entrou em colapso na metade de seu mandato no ano passado.

Pesquisas de opinião mostram que os eleitores portugueses estão cada vez mais frustrados com as elites políticas e com um padrão de eleições que apenas prolonga um ciclo de governos de curta duração e impasse legislativo.

O que dizem as pesquisas?

A última pesquisa de opinião pré-eleitoral realizada pela Universidade Católica de Lisboa, divulgada pela emissora RTP na noite de quinta-feira (15), mostrou pouca mudança em relação às pesquisas anteriores.

A previsão é de que a Aliança Democrática (AD), de centro-direita, obtenha o maior número de votos, mas não a maioria parlamentar. Esse seria um resultado semelhante ao da votação anterior, em março de 2024, embora com um leve impulso para a AD.

A pesquisa colocou a AD com 34%, acima dos 32% da mesma pesquisa de uma semana atrás e acima dos quase 29% obtidos na eleição do ano passado, que levou a um governo minoritário liderado pela AD.

O apoio ao seu rival, o Partido Socialista (PS), de centro-esquerda, caiu de 28% para 26%.

"Todos os indicadores apontam que estamos no caminho certo, mas nada é garantido", disse Montenegro, cercado por apoiadores animados que agitavam bandeiras e gritavam slogans políticos no último comício de campanha da AD na sexta-feira.

De acordo com a pesquisa de quinta-feira, o partido de extrema-direita e anti-imigração Chega, com o qual Montenegro se recusa a fazer um acordo, está em terceiro lugar nas pesquisas, com 19%, pouco mudando em relação ao resultado do ano passado.

O partido Iniciativa Liberal, com o qual o AD compartilha pontos de vista semelhantes em algumas questões econômicas, estava com 7% das pesquisas, um pouco melhor do que há um ano, mas não o suficiente para que uma possível aliança entre os dois alcance a maioria total.

Campanha focada em questões éticas

Nenhum partido apresentou novas propostas que gerassem muito entusiasmo entre os portugueses ou que atendessem às suas preocupações.

Grande parte da campanha tem se concentrado em questões éticas, como os negócios da empresa de consultoria da família de Montenegro.

A questão derrubou o governo em março, mas não repercutiu entre os eleitores — que ainda o consideram, em grande parte, a melhor pessoa para o cargo, de acordo com pesquisas de opinião. Montenegro negou qualquer irregularidade.

"As pessoas realmente não se importam muito com a questão. Elas estão fartas", disse o professor de ciência política José Tomaz Castello Branco, da Universidade Católica de Lisboa, citando o cansaço dos eleitores após tantas eleições.

"Não há muita esperança de que o futuro seja diferente do presente", acrescentou.