Prefeito de cidade no México é assassinado, agravando onda de violência

Carlos Manzo foi baleado no centro de Uruapan durante celebração do Dia dos Mortos

Mauricio Torres, da CNN em Espanhol
Captura de tela de uma transmissão de vídeo do prefeito Carlos Manzo, de Uruapan, durante o Festival das Velas
Captura de tela de uma transmissão de vídeo do prefeito Carlos Manzo, de Uruapan, durante o Festival das Velas  • Uruapan
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Carlos Manzo, prefeito de Uruapan, no México, foi morto no sábado (1°), após ser baleado no centro da cidade, segundo informações do gabinete de segurança do México e do governador de Michoacán, Alfredo Ramírez Bedolla.

O ataque ocorreu à noite, enquanto o prefeito participava de uma cerimônia com velas em comemoração ao Dia dos Mortos.

Houve um tiroteio no qual as autoridades mataram o suposto agressor. Além disso, prenderam outras duas pessoas que estariam envolvidas no caso, informou o gabinete.

A CNN tenta apurar se os detidos têm representação legal.

O prefeito fez uma transmissão ao vivo nas redes sociais minutos antes do ataque. “Bençãos a todos, esperamos que tenham uma noite agradável, estamos à sua disposição”, disse Manzo no vídeo publicado em seu perfil.

Questionado por um repórter sobre o esquema de segurança, ele comentou: “Há presença de diferentes níveis de governo. Esperamos que tudo corra bem, pacificamente, e que vocês aproveitem esta noite”.

A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, condenou o “vil assassinato” do prefeito e disse ter convocado o Gabinete de Segurança para garantir que “não haverá impunidade”.

“Desde o início deste governo, temos reforçado a Estratégia de Segurança. Esses lamentáveis ​​acontecimentos nos motivam a fortalecê-la ainda mais”, afirmou Sheinbaum.

O Gabinete de Segurança acrescentou que, juntamente com o governo de Michoacán, está assegurando a área onde ocorreu o ataque e mantendo o patrulhamento.

“Este crime não ficará impune”, assegurou.

O governador Ramírez Bedolla, por sua vez, disse que as investigações sobre o ataque foram iniciadas imediatamente.

“Todas as agências de segurança estão trabalhando na investigação imediata dos acontecimentos. Continuaremos a fornecer atualizações”, pontuou.

Autoridades apreenderam uma pistola e sete cápsulas de munição no local, segundo o procurador-geral de Michoacán, Carlos Torres Piña.

Ele afirmou ainda que nenhum documento de identificação foi encontrado entre os pertences do suposto agressor que foi morto. Também acrescentou que um vereador ficou ferido, mas está “fora de perigo”.

Omar García Harfuch, secretário de Segurança e Proteção Cidadã, disse neste domingo que a arma apreendida “está ligada a dois incidentes de violência entre grupos criminosos rivais que atuam na região”.

O secretário também observou que Manzo estava sob proteção desde dezembro, que foi reforçada em maio.

“A Guarda Nacional designou 14 agentes para proteger o prefeito. Infelizmente, os agressores se aproveitaram da vulnerabilidade de um evento público para realizar o ataque”, comentou.

Manzo era prefeito de Uruapan para o mandato de 2024-2027. Em diversas ocasiões, ele denunciou a presença de grupos criminosos na cidade e solicitou apoio para combatê-los.

Segundo a organização não governamental Insight Crime, que analisa a criminalidade na América Latina e no Caribe, algumas das organizações criminosas que atuam em Michoacán incluem o Cartel Jalisco Nova Geração, Carteles Unidos, La Familia Michoacana e os Cavaleiros Templários.

O governo municipal de Uruapan expressou, em uma publicação no Facebook, sua “profunda tristeza, indignação e consternação” com a morte de Manzo, “que ocorreu em um ato covarde, cruel e extremamente repreensível que ameaça não apenas sua vida, mas também a justiça, a paz e a vontade do povo de Uruapan”.

Onda de violência no México

O ataque contra Manzo se soma à onda de violência que assola Michoacán, estado no sudoeste do México onde, em dezembro de 2006, o então presidente Felipe Calderón lançou o que chamou de “guerra” contra o crime.

Desde então, apesar das mudanças de governo nos níveis estadual e federal, a violência persiste em Michoacán.

Em 20 de outubro, a procuradoria-geral de Michoacán anunciou a descoberta do corpo do empresário Bernardo Bravo Manríquez, líder dos produtores de limão do município de Apatzingán, que havia denunciado a extorsão sofrida pelo setor.

Entre janeiro e setembro deste ano, foram registrados 1.024 homicídios dolosos em Michoacán, segundo dados oficiais. Esse número coloca a região como o sétimo estado mexicano com o maior número de homicídios em 2025.

Esse conteúdo foi publicado originalmente em
espanholVer original