Professor: Brics está se tornando bloco mais geopolítico do que econômico
Professor de Relações Internacionais analisa encontro no Rio de Janeiro, destacando pontos positivos e negativos da declaração conjunta do grupo
A recente Cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro, trouxe à tona importantes discussões sobre o papel e a influência deste grupo de países emergentes no cenário internacional. Alexandre Coelho, professor de Relações Internacionais da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, fez uma análise detalhada à CNN do evento e seus resultados.
A declaração conjunta emitida pelo Brics surpreendeu muitos observadores por abordar diversos pontos sensíveis da geopolítica atual. Coelho destacou aspectos positivos e negativos deste documento.
Pontos positivos e liderança brasileira
O professor ressaltou a importância da liderança brasileira na condução do fórum, afirmando que isso demonstra a relevância regional do país na América do Sul e seu papel como uma das lideranças do chamado Sul Global. A declaração também enfatizou a importância do multilateralismo e a necessidade de reformas em instituições internacionais como o Conselho de Segurança da ONU.
Controvérsias e desafios
Por outro lado, Coelho apontou como ponto negativo a abordagem do grupo em relação à questão ucraniana, caracterizando-a como uma "neutralidade seletiva". Ele criticou a postura que parece favorecer a posição russa, ignorando a violação do direito internacional pela Rússia na invasão à Ucrânia.
O professor também alertou sobre os desafios enfrentados pelo bloco com a expansão de seus membros. Com a entrada de novos países, como Irã, Egito e Etiópia, o Brics se torna mais heterogêneo em termos de interesses econômicos e geopolíticos. Isso pode dificultar a chegada a consensos e a implementação prática das decisões tomadas.
Perspectivas futuras
Olhando para o futuro, Coelho enfatizou a importância de discussões sobre clima e saúde, temas que podem servir como ponte para eventos futuros, como a COP30, que será sediada pelo Brasil. Ele sugeriu que o Brics poderia se beneficiar de uma estrutura mais formal, com um cronograma de implementação para suas decisões, em vez de permanecer apenas como um fórum de discussão.
A análise do professor Coelho oferece uma visão equilibrada dos resultados da Cúpula do Brics, destacando tanto os avanços quanto os desafios enfrentados pelo grupo. À medida que o bloco continua a evoluir e expandir sua influência, será crucial observar como ele navegará pelas complexidades das relações internacionais e buscará conciliar os diversos interesses de seus membros.