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    Quase metade da população de Nagorno-Karabakh fugiu. O que acontece depois?

    Mais de 50 mil pessoas já evacuaram região separatista após ofensiva relâmpago do Azerbaijão que fez governo local desmanchar suas forças armadas e se render

    Christian Edwardsda CNN*

    Quase metade da população de Nagorno-Karabakh fugiu para a Armênia, com muitos milhares ainda lutando para evacuar, uma semana depois da região separatista ter se rendido após uma ofensiva relâmpago do Azerbaijão.

    Mais de 50 mil pessoas – incluindo 17 mil crianças – fugiram na manhã de quarta-feira (27), depois de o Azerbaijão ter retirado um bloqueio de 10 meses na única estrada que liga o enclave à Armênia, segundo funcionários do governo armênio.

    O Azerbaijão disse na semana passada que recuperou o controle total de Nagorno-Karabakh, que fica dentro das fronteiras do Azerbaijão, mas que durante décadas operou de forma autônoma com um governo de fato próprio.

    O país afirmou que os armênios de Karabakh poderiam permanecer na região se aceitassem a cidadania do Azerbaijão, mas muitos preferiram deixar as suas casas em vez de se submeterem ao governo de Baku.

    Muitos residentes não têm esperança de regressar à sua terra natal ancestral. “Eles mudaram a nossa bandeira, o nosso governo se rendeu. Isso é tudo. Nenhum armênio ficará aqui dentro de talvez duas semanas”, disse um residente de Karabakh à CNN.

    Como chegamos aqui?

    O Azerbaijão obteve uma vitória militar decisiva na região na semana passada, forçando as forças armadas de Karabakh a se renderem em menos de 24 horas e aparentemente pondo fim a um conflito que durou mais de um século.

    Depois de o Azerbaijão ter lançado ataques com mísseis e drones em Nagorno-Karabakh, em 19 de setembro, muitos na capital regional de Stepanakert passaram a noite em abrigos antiaéreos improvisados, no que marcou o início de uma terceira guerra travada pelo controle da região em tantas décadas.

    Sob a União Soviética, da qual o Azerbaijão e a Armênia são antigos membros, Nagorno-Karabakh tornou-se uma região autônoma dentro da república do Azerbaijão em 1923.

    As autoridades de Karabakh aprovaram uma resolução em 1988 declarando sua intenção de aderir à república da Armênia, causando o início dos combates quando a União Soviética começou a desmoronar, no que se tornou a Primeira Guerra de Karabakh. Cerca de 30 mil pessoas foram mortas ao longo de seis anos de violência, que terminou em 1994, quando o lado armênio ganhou o controle da região.

    Após anos de confrontos esporádicos, a Segunda Guerra de Karabakh começou em 2020. O Azerbaijão, apoiado pelo seu aliado histórico, a Turquia, recuperou um terço do território de Karabakh em apenas 44 dias, antes de ambos os lados concordarem em baixar as armas em um cessar-fogo mediado pela Rússia.

    O conflito de Nagorno-Karabakh

    Nagorno-Karabakh, uma região separatista de maioria étnica armênia, tem sido a causa de duas guerras entre a Armênia e o Azerbaijão nas últimas três décadas. O Azerbaijão lançou um ataque de 24 horas à região em 19 de setembro de 2023, antes que as forças étnicas armênias concordassem com um cessar-fogo mediado pela Rússia que os levou a dispersar as suas forças armadas.

    O Azerbaijão disse ter retomado o controle total da região no mesmo dia.

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    Mas a terceira guerra duraria apenas um dia. A presidência de Karabakh disse que o seu exército foi superado em número “várias vezes” pelas forças do Azerbaijão e não teve outra escolha senão se render e concordar com “a dissolução e o desarmamento completo das suas forças armadas”. Um segundo cessar-fogo – também mediado pela Rússia – entrou em vigor às 13h (no horário local) de 20 de setembro.

    A rapidez da rendição de Karabakh foi uma medida da sua inferioridade militar. Armado com drones turcos, o Azerbaijão obteve uma vitória esmagadora em 2020, atacando não só Nagorno-Karabakh, mas também a própria Armênia. Ao contrário de 2020, as forças armadas da Armênia não tentaram defender a região durante a ofensiva mais recente – em parte por medo de uma nova agressão do Azerbaijão.

    “Eles têm uma vantagem tão grande que poderiam facilmente dividir a Armênia em duas”, disse Olesya Vartanyan, analista sênior do Crisis Group para o Sul do Cáucaso, à CNN. “Apenas através de uma operação militar muito curta. Provavelmente um ou dois dias para que isso aconteça”.

    O desespero de Karabakh foi o triunfo de Baku. Em um discurso à nação na quarta-feira à noite, o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, anunciou que as suas forças tinham “punido o inimigo adequadamente” e que Baku tinha restaurado a sua soberania “com mão de ferro”.

    O que acontece depois?

    No dia seguinte ao cessar-fogo, Baku enviou representantes para se reunirem com autoridades de Karabakh e discutirem a “reintegração”. Poucos detalhes foram divulgados sobre as negociações, mas o Azerbaijão tem sido explícito há muito tempo sobre a escolha que os armênios étnicos enfrentam na região.

    Em discurso proferido em maio, ele disse que os responsáveis de Karabakh precisavam “abaixar a cabeça” e aceitar a integração total no Azerbaijão.

    Prédio residencial danificado em Nagorno-Karabakh / 19/9/2023 Siranush Sargsyan/PAN Photo via REUTERS

    Farid Shafiyev, presidente do Centro de Análise de Relações Internacionais em Baku – uma organização envolvida nas discussões governamentais sobre “reintegração” – disse à CNN: “Aqueles que não querem aceitar a jurisdição do Azerbaijão, têm que sair. Aqueles que gostariam de ficar e obter os passaportes, são bem-vindos”.

    Aliyev afirmou que os direitos dos armênios de Karabakh “serão garantidos”, mas o primeiro-ministro da Armênia, Nikol Pashinyan, e especialistas internacionais alertaram repetidamente para o risco de limpeza étnica.

    Nonna Poghosyan, coordenadora do programa da Universidade Americana da Armênia em Stepanakert, disse à CNN que sua família percebeu neste fim de semana que era mais seguro partir do que ficar. Ela passou a manhã de segunda-feira (25) vendo quantos pertences de sua família cabiam no carro.

    Ela disse que seus filhos gêmeos de nove anos se despediram da casa.

    “Eles pegaram suas canetinhas, foram para seus quartos e pintaram nas paredes. Eles desenharam igrejas, cruzes, algumas palavras, como ‘Artsakh, nós amamos você. Jamais iremos te esquecer. Não queremos perder você, nossa pátria’”, disse Poghosyan.

    Os gêmeos de Poghosyan escreveram mensagens de despedida de Nagorno-Karabakh nas paredes de seus quartos / Nonna Poghosyan

    Quem receberá os refugiados?

    Pashinyan disse em um discurso no domingo que o seu governo “receberá as nossas irmãs e irmãos de Nagorno-Karabakh na República da Armênia com todo carinho”.

    Mas ainda não está claro até que ponto a Armênia – uma nação com cerca de 2,8 milhões de pessoas – está preparada para acolher até 120 mil pessoas que chegam de Nagorno-Karabakh.

    Cerca de 50 mil pessoas cruzaram a fronteira até a manhã de quarta-feira, chegando a campos temporários de refugiados montados nas cidades fronteiriças de Goris e Kornidzor. Durante uma visita à Armênia, a chefe da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), Samantha Power, alertou que aqueles que chegavam sofriam de “desnutrição grave”.

    Nagorno-Karabakh está sob bloqueio desde dezembro de 2022, quando ativistas apoiados pelo Azerbaijão estabeleceram um posto de controle militar no corredor de Lachin – a única estrada que liga o enclave sem litoral à Armênia.

    O bloqueio impediu a importação de alimentos, combustível e medicamentos para Nagorno-Karabakh, gerando receios de que os residentes estivessem sendo deixados à fome. Moradores disseram à CNN antes do início da última ofensiva que teriam que esperar horas na fila para conseguir sua parcela diária de pão. O bloqueio foi suspenso na semana passada, permitindo a fuga dos moradores.

    Power chegou a Baku na quarta-feira, de acordo com o Departamento de Estado dos EUA, “para discutir a situação humanitária em Nagorno-Karabakh” e “abordar as perspectivas de uma paz duradoura e digna entre o Azerbaijão e a Armênia, baseada no respeito mútuo pela integridade territorial de cada um e soberania”.

    Refugiados de Nagorno-Karabakh chegam em Kornidzor / 26/9/2023 REUTERS/Irakli Gedenidze

    Todos podem sair?

    Analistas disseram à CNN antes do início das evacuações que temiam que o Azerbaijão pudesse impedir a saída de certos membros da população.

    Vartanyan, do Crisis Group, disse estar preocupada com quem administraria as rotas para a Armênia. “Serão as forças russas de manutenção da paz, o CICV, ou serão as autoridades do Azerbaijão?”, ela perguntou. “Isso significa que as pessoas terão que passar por campos de filtragem? E então as pessoas serão detidas – por exemplo, os homens locais que participaram nos combates no passado, ou aqueles que faziam parte das autoridades locais de fato?”.

    No fim de semana, “uma das principais coisas que as pessoas fizeram em Stepanakert foi queimar toda a documentação possível que pudesse servir de prova para as autoridades do Azerbaijão de que elas pessoalmente faziam parte do governo de fato”, disse Vartanyan.

    Na quarta-feira, Ruben Vardanyan, um proeminente político e empresário de Karabakh, foi preso em um posto de fronteira no corredor de Lachin e levado para Baku, de acordo com o serviço de fronteira. O Azerbaijão alegou que Vardanyan tinha entrado ilegalmente no país, sem entrar em mais detalhes. Baku há muito afirma que o governo de Artsakh tem operado ilegalmente no seu território.

    Uma foto compartilhada pelo serviço de fronteira no Telegram mostrava Vardanyan sendo detido por dois homens com uniformes do Azerbaijão. A CNN não conseguiu verificar de forma independente a autenticidade da imagem.

    Posicionamento do Azerbaijão

    O embaixador do Azerbaijão no Brasil, Rashad Novruz, enviou uma nota à CNN. Veja a íntegra abaixo:

    “Como mencionado na matéria, sim, é verdade que muitos armênios em Karabakh começaram a queimar seus documentos. Uma coisa estranha acontece com as pessoas que fogem. Como nos filmes em que um criminoso quer destruir provas de um delito. Por que eles fizeram isso? O artigo meio que explicou. Porque “muitos deles faziam parte direta ou indiretamente de regimes militares ou separatistas armados”. Deixe-me ajudar com números. Até a semana passada, antes de o regime separatista em Karabakh tomar a decisão de se dissolver, as formações armadas da Armênia eram financiadas diretamente pelo orçamento armênio. 90% dos novos recrutas todos os anos vinham da Armênia. As armas foram fornecidas e a rotação de militares aconteceu por conta da Armênia. Até 2021, esse exército era composto por 20 mil soldados. Após a Segunda Guerra de Karabakh, vencida pelo Azerbaijão, seu número diminuiu para 10 mil. Nos últimos 2,5 anos, assim permaneceu. No total 32 anos. Na rotação anual desse exército, não é difícil compreender quantas pessoas realmente permaneceram e foram chamadas para aumentar o número de armênios de Karabakh. Então, eu entendo a queima dos documentos deles. Porque eles sabem do que faziam parte. Eles sabem perfeitamente de quem eram as propriedades que ocupavam. Portanto, não é tanto por medo da recuperação do controle de Karabakh pelo Azerbaijão. É mais por medo daquilo em que fizeram parte durante esses 32 anos de conflito. Agora, soma-se a isso 3.890 reféns de nacionalidade azerbaijana. Deus sabe o que acontece com eles no cativeiro armênio. A autoconsciência e a consciência do que o regime separatista armado armênio fez durante 32 anos foram as razões mais prevalentes para tal medo e pânico.

    Nós, no Azerbaijão, culpamos a junta separatista irresponsável, que inventou e depois falhou com o destino dos civis ao prometer-lhes “uma segunda Armênia” em Karabakh. Durante 32 anos, aquele regime e alguns políticos malfadados em Ierevan contaram mentiras ao seu povo e construíram um balão de expectativa de que tudo o que fizeram foi pelos armênios. Não, foi pelas ambições políticas daqueles que ascenderam dos cargos da junta separatista armênia em Karabakh e mais tarde se tornaram presidentes da Armênia. O mesmo aconteceu há poucos dias em Karabakh.

    O Azerbaijão interrompeu a sua operação antiterrorista horas atrás, no dia 20 de setembro. Mas as pessoas foram informadas de que ela ainda continuava. Por que fazer isso? Essa operação antiterrorista parou há 2 ou 3 dias. No entanto, muitas pessoas ainda foram informadas pelo próprio regime separatista, mesmo depois de alguns dias, que deveriam partir imediatamente. A mídia já tinha fotos e vídeos de soldados do Azerbaijão cuidando de uma velha armênia, compartilhando biscoitos com crianças assustadas, algumas pessoas cruzando o posto de controle de Lachin infelizes e lamentando seu destino, sem culpar o Azerbaijão por isso. Por que tanta persistência em dizer às pessoas para irem embora? Por causa de uma alegação de “uma incompatibilidade genética com o povo do Azerbaijão”, como um antigo separatista e ex-presidente da Armênia Kocharian disse aos arménios há alguns anos? Sua afirmação diabólica. Apesar do fato de que muitas famílias no Azerbaijão e na Armênia foram construídas com base em casamentos interétnicos. Ou porque odiava a escolha de muitas famílias com casamentos mistos de permanecer no Azerbaijão e se integrarem ao tecido diversificado da sociedade do Azerbaijão? No Azerbaijão conhecemos a verdadeira razão pela qual muitos armênios partiram. Eles não foram assediados ou fisicamente forçados a sair. Se não fosse um pânico deliberado, que lhes foi alimentado pelos próprios líderes, os números seriam diferentes. Culpar um antigo regime separatista e os políticos de Ierevan por causarem uma falha de comunicação e um pânico deliberado. Adicione a isso os esforços atuais para derrubar Pashinian. Parece uma oportunidade perfeita para um avanço na política interna. Política.

    Há um novo relatório do ACNUR que diz claramente que, ao deixar Karabakh, as pessoas não foram assediadas. Quando o primeiro-ministro da Armênia, Pashinian, declarou que o governo estava pronto para aceitá-los e que eles tiveram de partir, quem mais quer argumentar criticamente sobre a “limpeza étnica” por parte do Azerbaijão? Veja o vídeo e as fotos de 1992-1993, quando os azerbaijanos fugiram de suas casas em Karabakh. Comparem-se as imagens de pessoas descalças e cansadas a fugir do exército armênio. Veja os vídeos de assédio sobre como soldados e comandantes militares armênios fizeram reféns daquelas multidões e expulsaram o resto. Veja na internet corpos mutilados ou, pior, queimados de mulheres e crianças. Isso é o que são a limpeza étnica e o deslocamento forçado. Confira as manchetes dos jornais internacionais de 1992-1993.

    O artigo diz que houve um bloqueio duradouro na estrada de Lachin e que foi “suspenso na semana passada, permitindo a fuga dos residentes”. Isto é completamente falso. A estrada de Lachin ficou literalmente fechada por alguns dias apenas na segunda quinzena de junho passado. E a verdadeira razão foi porque a Armênia disparou contra o posto fronteiriço de Lachin, no Azerbaijão, em 15 de Junho. A Armênia recusou-se a cooperar na investigação. Mas a estrada Lachin foi reaberta alguns dias depois. Muitas pessoas passaram por aqui. As mercadorias foram transportadas.

    É verdade que era preciso haver algumas filas e uma verificação minuciosa dos carros e caminhões. Também havia uma razão para isso. Manter um exército de 10 mil soldados em Karabakh e pedir ao Azerbaijão que removesse um posto de controle fronteiriço era uma loucura. Não precisávamos, especialmente porque tínhamos um motivo para não fazê-lo. Armênios, disfarçados de civis e de pessoal do CICV, contrabandearam armas, equipamentos e substâncias proibidas para Karabakh. Qualquer país do mundo faria o mesmo. O CICV ainda teve que pedir desculpas ao governo do Azerbaijão e rapidamente culpou os provocadores. Há uma razão pela qual os países têm postos de controle de segurança nas fronteiras e de controle alfandegário. Os vizinhos têm que respeitar isso. Os armênios de Karabakh não têm o privilégio de estarem isentos de tais filas e controles. O governo armênio não fez nada para explicar isto. Pelo contrário, o governo armênio continuou a considerar Lachin como seu. Era completamente desnecessário abusar daquela estrada para o transporte de armas e minas terrestres proibidas. Não culpe o Azerbaijão por isso. Temos registros de entrada e saída de armênios dentro e fora de Karabakh nos últimos meses. Podemos facilmente provar que a estrada não ficou fechada durante 9 a 10 meses, como alguns afirmam. A mídia internacional também deveria compreender isso.

    Quando menciona que em 1994 a Armênia “ganhou controle sobre a região”, por que é que a CNN não menciona que quase 800.000 refugiados da etnia azerbaijana foram forçados a fugir de Karabakh e de 7 regiões adjacentes em 1990-1994? Por que não menciona que houve uma horrível limpeza étnica por parte do exército armênio contra a população civil do Azerbaijão? Massacres como o de Khojaly em fevereiro de 1992, etc. A Armênia até admitiu que fez isso. Aqui, uma confissão do ex-presidente da Armênia. Infelizmente, isso acontece sem o pedido de desculpas ou arrependimento da Armênia: https://carnegieeurope.eu/2012/02/24/president-interview-and-tragic-anniversary-pub-47283. Por que a CNN não mencionou 4 resoluções do Conselho de Segurança da ONU de 1993? Todos exigiram que a Armênia retirasse as suas forças armadas do Azerbaijão. “Imediata e incondicionalmente” foi a frase. Essas resoluções expressavam “uma grave preocupação com o deslocamento forçado de um grande número de população” desses territórios ocupados? 800.000 civis fugiram da agressão da Armênia. Aqui: https://2001-2009.state.gov/p/eur/rls/or/13508.htm. A Armênia não cumpriu essas quatro resoluções. Conduziu uma política de limpeza étnica durante 4 anos de guerra no início da década de 1990. Uma grande mudança demográfica aconteceu posteriormente em Karabakh desde então. Nenhum azerbaijano foi deixado lá. Em Karabakh, o regime separatista armênio fez tudo o que pôde. E as pessoas pensaram que era seu direito fazê-lo. Muitas vezes o Azerbaijão pediu ao regime separatista que se afastasse e que o governo do Azerbaijão conversasse com a comunidade armênia. A Armênia bloqueou todas as iniciativas nas negociações de paz no final da década de 1990 e também na década de 2010.

    Qual é o próximo? Agora, já foram realizadas 3 reuniões em 1 semana entre as autoridades do Azerbaijão e a comunidade armênia de Karabakh. Alguns armênios ficaram. Porque eles estão representados nas discussões. Porque eles querem ficar. Já se passou quase uma semana desde que o Azerbaijão pediu para não entrar em pânico e permanecer em Karabakh. O seu governo criou um sistema online para solicitar a cidadania do Azerbaijão. Há uma semana, o Azerbaijão criou serviços móveis de entrega de alimentos e serviços de saúde em Karabakh. Mas os políticos em Ierevan e os comandantes separatistas cessantes continuaram a ver a história da “fuga”. O governo do Azerbaijão declarou mesmo que muito provavelmente poderia anunciar uma amnistia a antigos militantes. Poderia prender importantes separatistas e ex-comandantes do exército responsáveis por atrocidades de guerra e outros crimes graves. O Azerbaijão proclamou e prometeu que salvaguardaria os direitos constitucionais dos arménios que permanecessem.

    Por que é que tantas etnias no Azerbaijão podem viver juntas e contribuir para a diversidade e porque é que os Armênios não o deveriam fazer? Por que razão o regime ou os líderes separatistas na Armênia deveriam decidir pelo povo? Por que alimentá-los com uma mentalidade corrupta de que não serão aceites pela sociedade do Azerbaijão? Alguns daqueles que partiram há poucos dias começam hoje a culpar o governo armênio. Eles estão acordando. Alguns reconsiderarão e tentarão retornar.

    Mas vejam, há poucas horas a Armênia iniciou um tiroteio contra a posição do Azerbaijão na região de Kalbajar. Um soldado do Azerbaijão morreu. Não haverá uma reconciliação durante a noite. Alguns revanchistas provavelmente não deixarão isso acontecer por anos. No Azerbaijão, desejamos verdadeiramente que a Armênia administre aqueles que fugiram de Karabakh. Se algumas pessoas não estiverem felizes, muito em breve saberão a quem culpar. E isso terá muito pouco a ver com o Azerbaijão. Porque a raiz do problema não é o Azerbaijão. Mas parte da solução é: permanecer em Karabakh, reintegrar-se e aumentar a diversidade do Azerbaijão multiétnico e multiconfessional.

    *Com informações de Benjamin Brown e Aren Melikyan, da CNN

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