Rússia pode cancelar acordo de não-proliferação de mísseis, diz diplomata
Integrante do Ministério das Relações Exteriores disse que país considera rever moratória sobre implantação de mísseis curto e médio alcance na Europa e na região da Ásia-Pacífico; líderes russos têm feito declarações bombásticas sobre o tema
A Rússia, devido às ações dos Estados Unidos, pode retirar moratória unilateral sobre a implantação de mísseis de médio e curto alcance em regiões individuais, disse a agência de notícias Tass, citando um diplomata russo sênior nesta terça-feira (25).
Vladimir Yermakov, chefe de não proliferação nuclear do Ministério das Relações Exteriores, disse à agência de notícias estatal russa que Moscou avaliará o alcance dos mísseis fabricados nos Estados Unidos que, segundo ele, são capazes de atingir a região da Ásia-Pacífico.
“Mas mesmo agora podemos dizer com confiança que os programas militares desestabilizadores dos EUA e seus aliados tornam nossa moratória cada vez mais frágil – tanto na região da Ásia-Pacífico quanto na Europa”, disse Yermakov.
As declarações somam-se às proferidas recentemente pelos principais líderes russos. Nesta terça-feira, Dmitry Medvedev, vice-presidente do poderoso Conselho de Segurança de Putin, alegou que o mundo provavelmente está à beira de uma nova guerra mundial e que os riscos de um confronto nuclear estão aumentando.
Ele disse que essa nova guerra mundial não era inevitável, mas que os riscos de um confronto nuclear estavam crescendo e eram mais graves do que as preocupações com as mudanças climáticas.
Na segunda-feira (24), o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que o mundo chegou a uma situação mais perigosa do que durante a Guerra Fria.
“Como foi o caso na Guerra Fria, atingimos o limite perigoso, possivelmente ainda mais perigoso”, disse ele. “A situação se agrava com a perda de confiança no multilateralismo.”
O presidente Vladimir Putin, por sua vez, afirmou que o mundo enfrenta a década mais perigosa desde a Segunda Guerra Mundial. Ele apresenta a guerra na Ucrânia como uma batalha existencial contra um Ocidente agressivo e arrogante, e disse que a Rússia usará todos os meios disponíveis para se proteger contra qualquer agressor.
(Publicado por Fábio Mendes)