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    Saiba quem é Javier Milei, candidato à Presidência da Argentina apoiado por Bolsonaro

    Candidato foi o mais votado nas primárias, com 30,02% dos votos

    Da CNN

    O libertário Javier Milei (La Libertad Avanza) foi o mais votado nas eleições primárias da Argentina, em agosto, com 30,02% dos votos válidos. O número foi bem acima dos 1,5% que ele necessitava, já que sua coalizão não tinha mais nenhum outro candidato concorrendo.

    Ele foi o segundo mais votado no primeiro turno e disputará a Casa Rosa com Sergio Massa. O segundo turno está marcado para 19 de novembro.

    Vídeo: Milei diz que Lula age contra candidatura dele na Argentina

    Apesar da surpresa nas primárias, o nome de Milei não passou despercebido na campanha.

    O economista estourou na mídia com sua “turnê pela liberdade” e se destacou principalmente por sua atuação fora da política: seu desempenho como jogador de futebol e sua passagem pela música com sua banda tributo aos Rolling Stones são alguns exemplos.

    Infância

    Nascido no bairro de Palermo, em Buenos Aires, em 22 de outubro de 1970, Milei teve uma infância marcada por momentos polêmicos em família, que ele mesmo reconheceu em um programa do canal argentino “Telefé”.

    Embora o relacionamento com seus pais não fosse bom, Milei encontrou apoio em sua irmã.

    O economista reconhece que Karina Milei é a pessoa que melhor o conhece e é “a grande arquiteta” de seus acontecimentos políticos. Milei disse a diferentes meios de comunicação que, caso se torne presidente, ela desempenhará o papel de primeira-dama.

    O jornalista Juan Luis González é um dos pesquisadores da biografia não autorizada do economista, intitulada “El Loco”. À CNN, ele declarou que a passagem de Javier Milei pelo Colégio Cardenal Copello, em Villa Devoto, foi marcada por bullying.

    Para a elaboração do livro, o autor garante que conversou com os colegas de escola do candidato à Presidência e todos concordaram com a memória de um menino retraído e calado e que era alvo de piadas constantes.

    Ligação com o futebol

    Nos anos 1980, Milei tentava ser goleiro nas categorias de base do clube de futebol argentino Chacarita Juniors. “Não sou torcedor do Chacarita, mas passei a fazer parte do time profissional em 1989”, confessou o economista em entrevista à rádio “Urbana Play FM”, de Buenos Aires.

    E quando se trata de futebol, outra informação aparece: Milei passou de ter um camarote e uma estrela no Museo de la Pasión Boquense, do Boca Juniors, a um torcedor favorável a que o River Plate ganhasse a final da Copa Libertadores de 2018, disputada entre os dois rivais.

    Segundo ele, sua paixão pelo tradicional clube de Buenos Aires arrefeceu com a aposentadoria do atacante Martín Palermo, em 2011, e por discordar de decisões do ex-presidente Daniel Angelici.

    Análise: Os planos de Javier Milei para a economia argentina

    Corrida presidencial

    A partir de 2018, a ascensão de Milei surgiu nos principais meios de comunicação argentinos, com a divulgação de seu discurso “liberal libertário”, como costuma chamar.

    O grande salto em sua carreira política veio em 2020, quando anunciou sua candidatura à Presidência nas eleições de 2023.

    Esse passo abriu caminho para que sua coligação, La Libertad Avanza, conquistasse duas cadeiras na Câmara dos Deputados no ano seguinte, ocupados por ele e por sua candidata à vice-presidência, Victoria Villarruel.

    Suas principais propostas de campanha são a dolarização da economia argentina em etapas, a redução dos gastos estatais e a privatização de empresas públicas.

    No plano trabalhista, ele propõe o fim das verbas rescisórias para reduzir os custos trabalhistas, mas duas das propostas que mais geraram polêmica encontram-se na esfera de segurança: a desregulamentação do porte de armas e a militarização das prisões.

    Apoio de Bolsonaro

    Mensagem de vídeo gravada por Jair Bolsonaro foi publicada nas redes sociais de Javier Mieli
    Mensagem de vídeo gravada por Jair Bolsonaro foi publicada nas redes sociais de Javier Mieli / @Javiermilei/Instagram/Reprodução

    O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL) enviou uma mensagem de apoio a Milei na última terça-feira (17). O material foi publicado nas redes sociais do argentino.

    “Olá, Javier Milei. Feliz em receber seu livro. Nós, realmente, sabemos o que é melhor para os nossos países. Não podemos continuar com a esquerda. É um apelo que eu faço a todos os argentinos: vamos mudar, e mudar para valer, com Milei. Compromisso meu, hein?! Vou para a tua posse”, disse Bolsonaro.

    No vídeo, Bolsonaro aparece segurando o último livro do economista e expressa sua esperança pela vitória dele. Na legenda, Milei agradece pela mensagem e reforça seu slogan: “Viva a liberdade, cara***”.

    Lula “socialista” e Mercosul “fracasso comercial”

    Em setembro, Milei chamou o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de “socialista com vocação totalitária” e tratou o Mercosul como um “fracasso comercial”.

    Após ser questionado pela “The Economist” sobre como seria sua relação com a China caso fosse eleito, Milei disse que não gosta de “lidar com comunistas porque esse não é um sistema que conduz à melhoria dos bens”.

    “Nenhum sistema comunista conduz à liberdade. Na verdade, destrói-a, por isso, não posso ter relações com comunistas”, acrescentou.

    Em seguida, respondendo sobre como seria sua relação com Lula, o candidato argentina declarou: “Olhe as aberrações que ele está cometendo em seu governo. Não posso apoiar tais assuntos.”

    Milei alegou que o governo Lula está “usurpando a liberdade de imprensa” e “perseguindo a oposição”: “É um regime que não está de acordo com as ideias de liberdade.”

    Em outro momento, a Economist questiona o argentino como ele definiria Lula, uma vez que Milei não o vê como um presidente democrático.

    “No caso do Lula é mais complicado, porque ele tem uma vocação totalitária muito mais marcada. Em outras palavras, ele não é apenas um socialista. Ele é alguém que tem vocação totalitária”, afirmou.

    Ele demonstrou opinião diametralmente oposta quando questionado sobre Bolsonaro.

    “Bolsonaro travou uma luta digna contra o socialismo. Depois, a urna não foi com ele, mas é uma pessoa que travou uma luta digna de reconhecimento”, disse.

    Procurado pela CNN na época, o Palácio do Planalto preferiu não comentar as declarações de Milei.

    Polêmica com Papa Francisco

    Padres da Argentina realizaram uma missa em defesa do papa Francisco em Buenos Aires em 5 de setembro em resposta a insultos de Milei, que chegou a chamá-lo de “representante do maligno na Terra”, entre outras críticas.

    Os padres, por sua vez, seguraram uma faixa em protesto na qual estava escrito: “Em solidariedade ao papa e aos pobres”.

    *Publicado por Douglas Porto, com informações de Pedro Jordão e da CNN em Espanhol

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