William Waack

Trump mostra força com tarifas e acua países sul-americanos

Presidente da Colômbia Gustavo Petro mostrou resistência, mas cedeu às medidas do americano

Danilo Cruz, da CNN, em São Paulo
Donald Trump por videoconferência no Fórum Econômico Mundial em Davos.  • WORLD ECONOMIC FORUM
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Donald Trump mostrou, pela primeira vez, que as ameaças envolvendo tarifas e sanções não são apenas bravatas. Em um embate contra a Colômbia, o americano mostrou que o relacionamento com a América Latina pode ser conflituoso.

"Eu resistirei a você". Foram as palavras do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, em sua carta a Donald Trump após o americano ordenar a criação de tarifas emergenciais sobre produtos colombianos.

Petro havia negado o pouso de aviões militares que levavam imigrantes deportados à Colômbia. Segundo ele, os imigrantes não poderiam ser tratados como delinquentes e deveriam voar em aeronaves civis.

Com as ameaças de Trump de sancionar a economia da Colômbia, Petro recuou. Segundo a Casa Branca, as medidas colocadas pelos americanos foram aceitas de forma irrestrita por Bogotá.

Com isso, Trump segurou a assinatura de um decreto que imporia tarifas alfandegárias de 25% a produtos colombianos e as elevaria a 50% em uma semana.

Caso Petro não cedesse, os Estados Unidos teriam pouco a perder. Já para a Colômbia, significaria um abalo na relação com seu maior parceiro comercial e principal destino de seu petróleo.

 

 

A mensagem que ficou para outros países é que será necessário seguir as demandas dos Estados Unidos ou, então, enfrentar consequências. Em resposta, a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos convocou uma reunião de emergência para quinta-feira (30). O principal tema será as deportações em massa promovidas por Trump.

Desde o início de seu segundo mandato, Trump ensaia intimidar outros governantes. Em ordem executiva assinada no dia da posse, o presidente americano pediu a revisão do regime comercial dos Estados Unidos com todos os seus parceiros.

Trump ameaçou, até aqui, guerras tarifárias contra o Canadá, que pretende anexar; o Panamá, de quem quer retirar o canal; a Dinamarca, dona da Groenlândia; e a Rússia, para pressionar por uma negociação para o fim da guerra na Ucrânia.

Tirando a ameaça à Rússia, ignorada por Moscou, os outros exemplos continuam no ar.