Polícia Civil coloca sob sigilo de 5 anos informações dos custos de Jacarezinho

Operação realizada no dia 6 de maio deixou 28 pessoas mortas; o MPRJ criou uma força-tarefa para apuração mais detalhada do caso

Lucas Janone e Iuri Corsini, da CNN, no Rio de Janeiro
Operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro deixou ao menos 25 mortos.
Operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro deixou ao menos 25 mortos.  • Foto: Reginaldo Pimenta/Agência O Dia/Estadão Conteúdo
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A Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCERJ) informou à CNN que os documentos referentes aos custos da Operação Exceptis, realizada no Jacarezinho, estão sob sigilo por cinco anos. Os relatórios solicitados via Lei de Acesso à Informação (LAI) dizem respeito ao quanto foi gasto em logística, armamentos e equipamentos utilizados e também aos recursos humanos empreendidos na ação. A operação no Jacarezinho foi realizada no dia 6 de maio e foi considerada a mais letal do estado.

Em coletiva realizada após a operação, a Polícia Civil informou que mais de 200 homens participaram da ação.

Ao ser questionada se o sigilo por cinco anos se estende aos demais relatórios enviados ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), tais como a justificativa para a realização da operação e o relatório final da ação, a Polícia Civil não confirmou e nem negou. Apenas declarou que “os órgãos responsáveis pela investigação têm amplo acesso a todas as informações, sem qualquer sigilo, garantindo a transparência e eficácia da investigação”.

O documento que estabelece o sigilo é assinado pelo subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da Polícia Civil, Rodrigo Teixeira de Oliveira.

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) anunciou no dia (11) a criação de uma força-tarefa para apurar as circunstâncias da operação. Os promotores de justiça requisitaram todo o planejamento feito pela inteligência da polícia para operar no local, incluindo plano de voo do helicóptero blindado. O Trabalho da força-tarefa tem prazo estimado de quatro meses para a conclusão.

A operação terminou com um saldo de 28 mortes, incluindo a de um policial e a de um menor de idade, e gerou críticas à polícia e à segurança pública do estado. Segundo membros da OAB-RJ e da Defensoria Pública do Rio, que estiveram no Jacarezinho, há elementos que indicam execuções ao longo da ação e indícios de violação aos Direitos Humanos.

A Polícia Civil nega e diz que “falar em violação aos Direitos Humanos antes da conclusão das investigações é precipitado e busca politizar a discussão”.