"Ameaças não afetam trabalho da Anvisa", diz gerente-geral

"Ataque não é uma maneira de promover debate", disse Gustavo Mendes em entrevista à CNN; agência passou a receber ataques após aprovação de vacina para crianças

Da CNN*, em São Paulo
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O gerente-geral da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Gustavo Mendes, repudiou nesta segunda-feira (20) os ataques feitos a técnicos da agência após a aprovação da vacinação contra a Covid-19 no público infantil, e reforçou a rigidez e seriedade da avaliação dos imunizantes feita pela equipe.

"Nosso trabalho é técnico e estamos muito seguros da nossa decisão; todos os dados foram amplamente discutidos", afirmou Mendes, em entrevista à CNN.

 

O gerente-geral da Anvisa afirmou, ainda, que, apesar dos ataques que vêm sendo recebidos pelo órgão e seus integrantes, a continuidade do trabalho, que envolve a verificação da segurança e eficácia de vacinas e tratamentos, não deve ser afetada.

"Nosso trabalho já é muito bem estruturado. Somos uma equipe multidisciplinar, empenhada em fazer a avaliação dos estudos e, de forma alguma, isso afeta a continuidade das informações e do trabalho que temos que entregar", disse.

"O que esperamos agora é que as providências sejam tomadas. É uma ação que envolve outras esferas, jurídicas, policiais, então não temos como prever algum desfecho. Mas nossa expectativa é que possamos retomar nossa trabalho com tranquilidade e sem ameaças."

De acordo com Mendes, a Anvisa acionou órgãos responsáveis, como a Polícia Federal (PF) e a Procuradoria-Geral da República, que estão acompanhando os casos de perto.

A PF abriu investigação abriu investigação para apurar as ameaças contra a diretoria técnica da Anvisa, conforme informou a CNN no domingo (19).

Em comunicado publicado também no domingo, a Anvisa informou que seus servidores receberam nova onda de ameaças ao longo do final de semana.

As mensagens foram intensificadas após divulgação de vídeo em que o presidente Jair Bolsonaro faz críticas à Anvisa, chamando de "inacreditável" o fato de ter sido aprovada pelos técnicos a vacinação contra Covid-19 para crianças de 5 a 11 anos.

"Repudiamos qualquer ataque a servidores que estão fazendo seu trabalho, um trabalho sério e científico feito ao longo de mais de vinte anos de nossa instituição", disse Mendes.

"Ataque não é uma maneira de promover debate. Estamos sempre abertos ao debate e à discussão, mas feitos em bases técnicas", acrescentou.

*Texto publicado por Juliana Elias