O que está em jogo na COP é o multilateralismo, diz Marina Silva à CNN

Em entrevista à CNN, nesta sexta-feira (10), a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, abordou os desafios e as expectativas para a COP30, conferência do clima que acontecerá em Belém, em novembro.

Segundo a ministra, o multilateralismo climático será um dos principais pontos em discussão. "O que está em jogo na COP30, além da agenda de negociação, de ação e de mobilização, é o multilateralismo climático", afirmou.

Questionada sobre a demora dos envios das NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas), que indica qual será a redução de emissões de cada país, Marina afirmou que apenas 62 países, até o momento, submeteram suas metas, mas destacou o envio feito pelo Reino Unido e pela China.

A ministra expressou preocupação com a demora da União Europeia em apresentar suas metas, especialmente considerando o atual contexto geopolítico delicado. "É fundamental que apresente uma NDC robusta e antes da COP30", afirmou, ressaltando o histórico de liderança do bloco europeu nas questões climáticas.

A análise das metas apresentadas será crucial para determinar se estão alinhadas com o objetivo de limitar o aumento da temperatura média global a 1,5°C. A ministra indicou que, provavelmente, as NDCs atuais não serão suficientes para atingir essa meta.

O Brasil demonstra preocupação com os encaminhamentos futuros, considerando que os efeitos das mudanças climáticas já são evidentes, afetando sistemas alimentares e causando prejuízos significativos. A ministra enfatizou que não é viável esperar mais cinco anos, que é o período de atualização das NDCs, para tomar medidas mais efetivas.

"Se não tiver mecanismos para uma forte agenda de implementação, não será possível dar respostas para os próximos 10 anos. Isso não é uma questão do Brasil, mas a liderança brasileira quer dar uma contribuição para que a COP30 seja um marco para implementar os acordos que já foram feitos", disse Marina à CNN.