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    Comunidade do Congo pede que autoridades apurem xenofobia e racismo contra Moïse

    Nesta quarta-feira (2), senadores cobraram providências para o caso e defenderam uma audiência pública para discutir o tema

    Cleber RodriguesBeatriz PuenteCamille Coutoda CNN , no Rio de Janeiro

    Em mais um dia de investigações sobre o assassinato de Moïse Kabagambe, entidades africanas se uniram, nesta quarta-feira (2), para cobrar que as autoridades brasileiras apurem os crimes de xenofobia e racismo contra o jovem congolês, que foi brutalmente assinado em um quiosque da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

    Segundo o presidente da Comunidade da República Democrática do Congo no Brasil (CRDCB), Fernando Mupapa, a cor e a nacionalidade de Moïse foram determinantes para as agressões desumanas, que culminaram na morte do jovem.

    “Os governos, sejam federal, estadual ou municipal, devem lutar com vontade política, para acabar com essa criminalidade. Pode melhorar muita coisa aqui para acabar com esse tipo de brutalidade, xenofobia, racismo, discriminação de origem. Por ele (Moïse) ser estrangeiro e negro, acharam que não tinha ninguém por ele”, afirma Mupapa.

    Em nota divulgada no site do congresso nacional, os presidentes da Comissão Mista Permanente sobre Migrações Internacionais e Refugiados (CMMIR) do Congresso Nacional, senador Paulo Paim (PT-RS), e da Comissão de Direitos Humanos (CDH), senador Humberto Costa (PT-PE), afirmaram que o Senado vai acompanhar o caso e que deve realizar uma audiência pública sobre o tema.

    “Solicito informações e providências acerca do assassinato de Moïse Kabagambe. É urgente apurar celeremente as circunstâncias da morte e punir de forma vigorosa os responsáveis, como um recado claro de que as instituições não permitirão nem sombra de impunidade em episódios dessa natureza”, disse o senador Humberto Costa.

    De acordo com a Comunidade do Congo no Brasil, cerca de cinco mil congoleses vivem no Rio de Janeiro. Embora não generalize, a entidade afirma que outros trabalhadores do Congo na capital fluminense estão com medo de trabalhar. Assim como parentes de Moïse.

    “O povo africano em geral é um povo trabalhador, que vai atrás do pão de cada dia. Muitos estão agora abalados com essa situação. Muitos estão com receio de voltar a trabalhar, entre os parentes, alguns estão se sentindo ameaçados”, disse Yanick Mbau, vice-presidente da CRDCB.

    Em nota, a Coalizão Negra informou que vai denunciar a morte do congolês Moïse Mugenyi ao Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial da Organização das Nações Unidas (ONU).

    Articulados por mais de 250 movimentos e coletivos nacionais, eles irão pedir medidas contra possíveis crimes de racismo e xenofobia. O documento ainda está em fase de produção e a previsão é que seja enviado à ONU ainda nesta quarta-feira (2).

    Também nesta quarta, parentes do Moïse compareceram à Divisão de Homicídios para prestar depoimento às autoridades. Ambos estão acompanhados do advogado que representa a Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ.

    No início da tarde, três suspeitos de envolvimento na morte do congolês foram transferidos para o presídio em Benfica, após a justiça do Rio de Janeiro decretar a prisão temporária de ambos.

    “O Brasil é uma segunda pátria para todos aqueles que vem se refugiar aqui ou imigraram. É um filho adotivo seu. Tem que dar todos os cuidados como se fosse um filho biológico. Moïse veio aqui para ter a segurança que ele não tinha no Congo. E quando chega aqui acontece essa brutalidade, essa fatalidade, é desumano”, lamenta Mupapa.

    A CNN teve acesso a todas as imagens do circuito interno do quiosque e decidiu exibir os trechos que mostram a emboscada a Moïse. As agressões não serão exibidas

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