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    Desde abril, Brasil registra quase 3 mil investigações relacionadas à violência nas escolas

    Balanço é do Ministério da Justiça e Segurança Pública; nesta segunda-feira (23), mais um ataque a escola foi registrado em São Paulo

    Iuri Pittada CNN , São Paulo

    Balanço do Ministério da Justiça e Segurança Pública registra quase 3 mil casos em investigação em todo o Brasil relacionados a violência nas escolas, compilados desde a criação da Operação Escola Segura, em 5 de abril.

    Em seis meses, foram efetuadas 400 prisões ou apreensões de menores – não estão incluídos nesses dados o ataque em uma escola estadual em Sapopemba, na zona leste da cidade de São Paulo, no qual uma adolescente morreu e outras três vítimas se feriram após serem baleadas por um estudante da unidade, nesta segunda-feira (23).

    A capital paulista registrou o segundo caso de violência escolar em sete meses. Em março, a professora Elisabeth Terneiro foi morta por um aluno em uma escola estadual na Vila Sônia, na região oeste da cidade.

    Desde então, segundo o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), 165 tentativas ou suspeitas de ataques em escolas foram evitadas, mas ele reconheceu haver “tristeza e frustração” diante da repetição de um caso de violência escolar, mesmo a unidade tendo ronda ativa, atendimento psicológico e treinamento contra agressão.

    Com o aumento dos casos de violência em unidades educacionais, o governo federal criou um canal de denúncias sobre riscos e ameaças em escolas. Foram registradas mais de 9 mil denúncias – o ápice foi em abril, logo após o ataque na escola da Vila Sônia e diante do receio de novos casos se repetirem no período, motivados por discursos de ódio.

    Veja: Ataque em escola de SP deixa ao menos um morto e três feridos


    Além de 400 prisões ou apreensões, o Ministério da Justiça compilou 1.653 casos de condução de menores ou suspeitos e 381 buscas e apreensões pelas polícias estaduais e federal, a partir de denúncias de risco ou ameaças de violência escolar. Também houve 917 pedidos de preservação e remoção de conteúdos em redes sociais e 412 solicitações de dados cadastrais de suspeitos nessas plataformas.

    Para o professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) e pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Rafael Alcadipani, casos como o de Sapopemba são complexos e exigem um sistema muito bem planejado e implementado para que sejam identificadas pessoas com potencial de se tornarem criminosos violentos no ambiente escolar.

    “Antes do aparato de segurança, da polícia, é preciso atuação das famílias, dos professores e funcionários das escolas, além das empresas de tecnologia, que têm um papel fundamental na disseminação de conteúdos de ódio. O grande desafio é detectar quem tem potencial de cometer um ato desses”, afirma. “Não é algo impulsivo nem se trata de um criminoso típico. É um processo cumulativo que leva tempo e precisa ser contido antes de se chegar ao ataque”.

    Neste mês, a Secretaria de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo federal abriu uma consulta pública sobre um guia para orientar pais e educadores sobre o uso consciente de telas por crianças e adolescentes, justamente para também contribuir na prevenção da violência escolar e na prevenção de casos de cyberbullying, aliciamento de menores ou abuso e exploração sexual.

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