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    Especialistas debatem sobre retirada de estátuas de figuras ligadas à escravidão

    Para Oswaldo Faustino, o monumento conta muito mais a história de quem o colocou; Ricardo Macau acredita que manifestação reflete amadurecimento da democracia

    Da CNN

    Oswaldo Faustino, jornalista e escritor, e Ricardo Macau, professor de direito constitucional e internacional, debateram nesta quinta-feira (11) na CNN sobre os protestos antirracistas que aconteceram em várias cidades do mundo após a morte de George Floyd e trouxeram à tona a discussão sobre a retirada de monumentos de figuras ligadas à escravidão.

    Na visão de Faustino, é importante que se repense a história, e não que ela seja varrida para debaixo do tapete.

    “A proposta de se recontar a história e de ressignificar tais monumentos precisa ser muito mais ampla do que derrubar estátuas. Precisamos, sim, que esses personagens sejam revistos e nós, do movimento negro, acreditamos que não dá para homenagear aqueles que foram nossos algozes. Porém, é importante que haja em algum lugar uma forma para olharmos esses monumentos e nomes para repensar”, falou.

    Macau concordou e afirmou que as manifestações ao redor do mundo refletem um amadurecimento da democracia e do debate.

    “É nos instrumentos próprios da democracia que temos que buscar possibilidades de adotar medidas para repensar esses monumentos e, mais do que isso, atender a vontade da população”, disse. 

    Faustino completou afirmando que, para ele, “o monumento conta muito mais a história de quem o colocou do que de quem está sendo homenageado”. 

    “Se queremos repensar os quilombos, a presença negra nesse país, escravizada por mais de 300 anos, não podemos admitir homenagens. Mas quem passa pela rua, vê esses personagens e não para ler os nomes, não faz ideia do que significa. Portanto, esse documento não é um professor de história. Nós temos que pensar em um meio educativo para recontar a história”, avaliou.

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    Macau defendeu que os monumentos precisam ser preservados, mas lembrou que não são bens públicos “petrificados”. Ou seja, eles podem ser revistos e repensados, sobretudo nos momentos em que ocorrem transformações de percepção histórica.

    “Então, não há dúvida de que a importância do monumento tem que ser acoplada, de modo indissociável, com uma proposta de organização da sociedade, alteração das estruturas sociais e principalmente de transformação dessa consciência coletiva”, falou.

    (Edição: Bernardo Barbosa)

     

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