Justiça determina prisão de donos de escola investigada por maus-tratos em SP
Inquérito da Polícia Civil concluiu que crianças eram submetidas a situações vexatórias e humilhações
A Justiça acatou o pedido de prisão temporária, feito Polícia Civil de São Paulo, do casal responsável pela escola particular Pequiá, localizada na Zona Sul da capital, investigada por maus-tratos e tortura contra os alunos.
Assim, os proprietários são considerados foragidos da Justiça. O caso veio à tona depois que uma ex-professora da escola usou um celular para registrar as agressões.
Em uma das cenas, uma criança de um ano recebe gritos para guardar brinquedos. Em outra, um garoto aparece deitado no chão por ter urinado na roupa. E, em uma foto, dá para ver um segundo menino amarrado com uma blusa a um poste.
Foi essa professora que, em posse das imagens, foi à delegacia denunciar as práticas. Em entrevista à CNN, ela relatou as punições e agressões impostas às crianças quando algo não acontecia como esperado pelos donos.
“As crianças ficavam presas em quartos escuros sem poder brincar e comer o dia inteiro”, diz a professora, chamada Anny Junqueira.
“Até em questão de xixi elas eram punidas. Teve o caso de uma criança que fazia muito e foi punida, sendo colocada em uma caixa de areia ou sentada no ralo o dia inteiro. Teve caso também de ficar o dia inteiro com as necessidades na roupa. Eram punidas por qualquer motivo”, disse ela.
Anny declarou, ainda, que, além dos maus-tratos, os donos humilhavam as crianças com adjetivos como “mijão”, “burro”, entre outros xingamentos.
O delegado responsável pela investigação, Fábio Daré, disse que, até agora, foram ouvidas 16 pessoas, entre professores e pais de alunos. E que, apesar de a prisão ter sido decretada, os acusados não foram localizados e, por isso, são considerados foragidos.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que a “Polícia Civil realiza diligências para localizar e prender os responsáveis por uma escola infantil, investigada por maus-tratos, na Vila Mariana, após o Poder Judiciário atender ao pedido de prisão feito pela autoridade policial do 6º Distrito Policial”.
Já a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo disse que “é contra qualquer tipo de violência, seja dentro ou fora das escolas” e acrescentou que “a diretoria de ensino Centro Sul abriu uma averiguação sobre todos os relatos apontados e encaminhou o processo de sindicância para a Seduc-SP, onde as partes serão ouvidas e todos os documentos serão analisados; após conclusão, as medidas cabíveis serão tomadas”.
A CNN entrou em contato com a escola e os donos, mas não teve retorno até o fechamento da reportagem.