Loja na Bahia gera polêmica com anúncio de vaga para “mulher, solteira, sem filho, branca, gentil e dócil”
Anúncio já foi retirado das redes sociais e a conta desativada; Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade Racial repudiou e disse que vai tomar as medidas cabíveis


O anúncio de uma vaga de emprego feito pelo dono de uma loja na cidade de Caetité, no estado da Bahia, exigia uma candidata solteira, sem filhos, de cor branca, gentil e dócil. Após a repercussão da publicação, órgãos municipais e estaduais repudiaram as falas e acusaram a loja de racismo, misoginia e machismo.
A Loja SD Presentes é conhecida na cidade pela venda de equipamentos eletrônicos. O post foi feito na quinta-feira (25), em uma rede social de Edis da Silva Ribeiro, dono do comércio, mas apagado na sequência, e a conta desativada. A CNN não localizou o empresário até o momento.
O Conselho Municipal da Promoção da Igualdade Racial de Caetité (COMPIRC) divulgou nota na quinta-feira (25), repudiando o episódio. “O Conselho Municipal da Promoção da Igualdade Racial de Caetité vem a público repudiar todo e qualquer ato ou ação de intolerância, discriminação, preconceito, ou quaisquer outros atos que atentem contra a honra e dignidade da pessoa humana”, diz a nota.
Em entrevista à CNN, o presidente do conselho, Jorge Santana, disse que a organização vai representar ao Ministério Público contra o lojista e se reunirá na segunda-feira (29). O presidente falou, também, da tristeza com o caso. “Por mais que a gente lute contra essas práticas, a gente nunca espera que venha acontecer. Ainda mais em Caetité, a terra da cultura, de Anísio Teixeira.”, disse Santana. “O que ele fez foi uma coisa absurda. É repugnante. Em 2024 e a pessoa fazer isso. A gente fica triste. Como ser humano, tô me sentindo enojado”.
O Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres de Caetité (CMDM) também estará na reunião de segunda-feira (29). Em nota publicada nesta sexta-feira (26), o CMDM classificou o anúncio como “retrocesso social”. “Toda forma de discriminação é um retrocesso social e uma violação dos direitos humanos. É inaceitável que em um processo seletivo, as características físicas, como cor de pele, sejam consideradas como critério de avaliação, excluindo candidatas de etnias diferentes e perpetuando estereótipos racistas”, afirmou o CMDM.
A presidente do CMDM, Ananda Oliveira, falou à CNN que a publicação teve “requintes de violência”, e destacou a problemática do texto. “É importante evidenciar todas as essas questões de machismo, racismo e misoginia, entendendo que foram múltiplas violências. Incluindo a questão da maternidade. A maternidade não deve ser um fator limitante”, disse. “A gente reafirma o compromisso com a luta pela igualdade de gênero e por uma sociedade livre de preconceitos”, completou Ananda.
Nesta sexta-feira (29) a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais da Bahia (Sepromi), também divulgou nota. “Nenhum critério baseado em características como raça, cor, sexo, estado civil, origem, entre outros, pode ser utilizado como requisito para o acesso a oportunidades de emprego”, disse a pasta. A nota também informou que o Centro de Referência de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa Nelson Mandela está “acompanhando e mobilizando as autoridades competentes a investigarem e tomarem as medidas legais cabíveis diante desse caso”.