COP30 será “marco para acelerar Acordo de Paris”, diz CEO Ana Toni

Brasil quer unir economia, sustentabilidade na Amazônia e reforçar financiamento para preservar florestas tropicais, com foco em soluções para populações mais vulneráveis

Tayana Narcisa, da CNN, em Belém
Ana Toni - CEO da COP30  • Foto: Carlos Borges
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“A COP30 será da aceleração exponencial”, afirmou Ana Toni, CEO da COP30, destacando que a conferência em Belém pretende avançar não apenas na mobilização de US$ 1,3 trilhão para os países em desenvolvimento, mas também em como aplicar esses recursos em soluções de adaptação, transição justa e preservação da Amazônia, envolvendo governos, setor privado e comunidades locais.

Com o tema central de acelerar a implementação do Acordo de Paris, a 30ª Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30) chega à Amazônia em 2025 com grandes ambições.

Em visita à Belém, Ana Toni, CEO da COP30, disse que a prioridade do evento é reforçar o multilateralismo em meio à complexa geopolítica mundial e unir economia e sustentabilidade: “Queremos mostrar que a preservação da natureza e o uso sustentável da floresta são essenciais para combater a mudança do clima.”

Segundo a representante brasileira, o país trabalha para entregar um relatório que apresente caminhos para mobilizar US$ 1,3 trilhão destinados aos países em desenvolvimento — valor considerado essencial para apoiar ações de mitigação, adaptação e proteção ambiental.

Toni ressaltou que parte desse recurso deve ser canalizada diretamente para iniciativas que remunerem quem protege a floresta em pé, como indígenas e agricultores: “Hoje não existe mecanismo que remunere economicamente quem preserva. Precisamos mudar isso.”

Entre as soluções em discussão, o Brasil vem articulando o Tropical Forests Forever Fund (TFFF), um fundo para florestas tropicais, além de ampliar instrumentos de mercado de carbono, bioeconomia e projetos de reflorestamento.

De acordo com a CEO, o setor privado já demonstra forte interesse nessas frentes: “Os investidores passaram a ver a economia da natureza como prioridade, não só a transição energética. Isso é novo e muito promissor.”

A realização da COP30 em Belém também coloca a cidade e a região amazônica em destaque no cenário internacional. Ana Toni lembrou que, em reuniões preparatórias em Bonn (Alemanha) e durante a Climate Week em Londres, houve preocupação de delegações estrangeiras com temas como segurança, saúde, transporte e preços de hospedagem na capital paraense.

“Belém não era conhecida internacionalmente. Foi oportunidade de apresentarmos a cidade, sua história e hospitalidade, mas precisamos garantir preços acessíveis para acolher representantes de países mais pobres, como várias nações africanas e pequenas ilhas.”

Outro grande tema será a transição justa, que inclui medidas para assegurar que populações mais vulneráveis — comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas, moradores de áreas periféricas e pessoas de baixa renda — sejam beneficiadas por empregos e oportunidades geradas pela economia verde.

Toni destacou avanços no debate em Bonn: “Conseguimos trazer a perspectiva dessas populações para o centro das negociações, algo essencial para um futuro mais inclusivo.”

A COP30 também vai buscar avançar em acordos sobre adaptação, criando indicadores que permitam medir se os países estão conseguindo responder aos impactos climáticos que já ocorrem.

E, mais do que mobilizar recursos, a conferência deve definir para onde direcionar esses fundos.
Segundo Ana Toni, o debate evoluiu: “Começamos a discutir como aplicar o dinheiro em soluções baseadas na natureza, na adaptação e no apoio a quem protege as florestas, além da transição energética.”

A escolha da Amazônia como sede é simbólica, mas também estratégica. O Brasil quer usar a COP30 para consolidar a bioeconomia como motor de desenvolvimento sustentável e apresentar ao mundo as ações de combate ao desmatamento, reconhecidas internacionalmente como positivas, mas que, segundo a CEO, precisam ser acompanhadas de prosperidade para quem vive na região: “Não basta só comando e controle; é fundamental criar oportunidades que mantenham a floresta em pé.”

Com mais de 200 países esperados e a perspectiva de milhares de participantes, a COP30 em Belém será um marco para definir a rota da descarbonização global e acelerar ações contra a crise climática, reforçando o papel da Amazônia como protagonista na construção de um futuro mais sustentável.