ONS: Nível dos reservatórios do sistema Sudeste/Centro-Oeste está abaixo de 25%
Para suprir a demanda, a Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética aprova transferência de energia do Nordeste para Sul
De acordo com o último boletim divulgado pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), os reservatórios das Usinas Hidrelétricas do Sudeste e do Centro-Oeste operam com apenas 22,7% de sua capacidade de armazenamento. Responsáveis por cerca de 70% da geração hídrica do país, os reservatórios apresentam os níveis mais baixos dos últimos 91 anos. O volume útil de Furnas está em 18,3% e da usina de Nova Ponte em 12,2%.
Na comparação com o boletim anterior, o nível de armazenamento dos reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste recuou 0,2 ponto percentual (p.p). A maior queda no nível de armazenamento foi registrada pela Região Sul, de 1 p.p. O subsistema está operando com 30,7% de sua capacidade.
Os reservatórios do Nordeste operam com 50,4% da capacidade de armazenamento. O volume útil do reservatório da hidrelétrica de Sobradinho está em 49,14%. Já as usinas da região Norte operam com 72,8% da capacidade. E a Hidrelétrica de Tucuruí segue com 89,84%.
De acordo com o relatório do ONS, os reservatórios do Norte devem terminar o mês de agosto com 72,4%, da capacidade de armazenamento seguido do Nordeste com 49%, do Sul com 26,8% e do subsistema Sudeste/Centro-Oeste com 21,7%. Segundo o operador, as afluências continuam abaixo da média histórica.
Diante da possibilidade de os reservatórios atingirem, até o fim do período seco, em novembro, níveis de armazenamento nas regiões Sul e Sudeste/Centro-Oeste muito reduzidos, o ONS propôs à Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (CREG) elevar os níveis de transferência de energia e alocar os excedentes de produção do Norte e do Nordeste nos reservatórios do Sul, permitindo a utilização nos momentos de carga elevada que historicamente acontecem a partir do mês de setembro.
Na quarta-feira (25), a CREG aprovou a transferência de energia dos reservatórios de Sobradinho e Xingó, localizados na Bacia do São Francisco, no Nordeste, para os reservatórios do Sul. Para aumentar a geração de energia, a Câmara determinou o aumento de 15% na vazão máxima das hidrelétricas, de 950 m3/s para 1100 m3/s. A medida tem como objetivo garantir o suprimento de energia elétrica aos consumidores brasileiros.
Além disso, o governo federal publicou um decreto, em edição extra do Diário Oficial da União, estabelecendo a redução de energia elétrica para órgãos públicos de 1.º de setembro deste ano até 1.º de abril de 2022.
Segundo o documento, a previsão é de queda no consumo de energia na administração pública de 10% a 20% em relação à média de consumo do mesmo mês nos anos de 2018 e 2019.
Para controle, os órgãos e as entidades divulgarão na internet o consumo de setembro de 2021 a abril de 2022 para que o comparativo ao período estabelecido para redução possa ser acompanhado pelos consumidores.
O professor de Planejamento Energético do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Marcos Freitas, criticou a medida. Para o especialista a iniciativa não trará um resultado eficiente, uma vez que boa parte do setor público ainda está trabalhando em casa por conta da pandemia, como no caso das universidades federais e repartições.
“A maioria dos prédios está fechado como, por exemplo, as universidades federais, repartições e órgão federais. A possibilidade de redução de consumo de energia, no setor público, nesse momento, será inócua. Um exemplo prático disso é o próprio Congresso Nacional, onde boa parte dos senadores está trabalhando à distância”, ressaltou o especialista.
De acordo com o Ministério de Minas e Energia, a administração pública direta e indireta dispõe hoje de mais de 22 mil edificações próprias e cerca de 1.400 imóveis alugados, como escritórios, escolas, hospitais e universidades, representando uma parcela significativa do consumo total de eletricidade no país.