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    Para 70% dos professores, agressividade de alunos aumentou após volta presencial

    À CNN Rádio, a diretora de Educação da Nova Escola, Ana Scachetti, explicou que a pandemia abalou as habilidades sociais de crianças e adolescentes, que agora precisam reaprender a conviver

    Ramana Rechda CNN* , em São Paulo

    Uma pesquisa revelou que sete em cada dez professores perceberam um aumento da agressividade na escola, principalmente, entre alunos após a retomada das aulas presenciais. Realizado pela organização de impacto social Nova Escola, o estudo ouviu 5.300 professores. 80% deles relataram casos de violência dentro das instituições de ensino em que trabalham, enquanto seis em cada dez disseram ter sido as próprias vítimas.

    A maioria dos casos contra professores está ligada à violência verbal, relatada por pouco mais da metade dos entrevistados. A violência psicológica foi o segundo tipo de agressão mais citada, com 22,89%. Houve também alguns casos de violência física, mencionada por 7% dos professores. Metade dos participantes disse que os estudantes são os principais agressores, seguido de pais (25,6%), gestores (11,4%) e colegas (9%).

    Em entrevista à CNN Rádio, a diretora de Educação da Nova Escola, Ana Ligia Scachetti, explica que os alunos ficaram isolados e tiveram que lidar com o desafio da ressocialização.

    “Ao logo de dois anos crianças e adolescentes ficaram com interações restritas ao núcleo familiar. Agora que as atividades presenciais voltaram de maneira plena, eles têm que conviver com 30 crianças na sala, fazendo trabalhos em grupos e duplas”, ilustrou Scachetti.

    No estudo, professores relataram que houve uma euforia inicial com o retorno às escolas, que logo foi acompanhado de dificuldades comportamentais. Segundo Scachetti, não só as crianças deixaram de exercitar suas habilidades sociais, como também o déficit de aprendizagem no ambiente online provocou desconforto e estresse com o retorno das demandas do ensino presencial.

    Outros alunos precisaram lidar com questões de saúde mental, como depressão e síndrome do pânico, conforme a diretora. Scachetti comenta que famílias ficaram desestruturas por conta da perda financeira e dos falecimentos de parentes e amigos durante a pandemia. “O ambiente familiar está cheio de tensões e buscando reacomodar sua estrutura de alguma maneira”, comenta.

    Apenas 46% dos entrevistados pelo estudo da Nova Escola afirmaram ter orientações das instituições escolares sobre o assunto, embora quase todos tenham respondido que gostariam de receber esse suporte.

    A diretora ScaChetti diz que a escola deve criar programas de acolhimento que envolvam os estudantes e suas famílias. As frentes de atuação devem ser múltiplas, diz a diretora, e pensadas também para compensar as perdas educacionais de crianças e adolescentes durante a pandemia.

    *Sob supervisão de Joyce Murasaki

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