“Radiador do mundo”, Floresta Amazônica é responsável por ajudar a regular chuvas na América do Sul
Estudo feito pelo professor Henrique Barbosa, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), aponta que 25% das chuvas nas regiões Sul e Sudeste vêm da região amazônica.
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Foto de um macaco-barrigudo (Lagothrix lagotricha) visto na Amazônia colombiana, em abril de 2023. • Juancho Torres/Anadolu Agency via Getty Images
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Vista geral do rio Amazonas passando pelo departamento de Amazonas, na Amazônia colombiana. • Juancho Torres/Anadolu Agency via Getty Images
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Vista aérea de região desmatada da Amazônia colombiana, em março de 2023. • Juancho Torres/Anadolu Agency via Getty Images
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Cheia do rio Mocoa durante fortes chuvas na Amazônia brasileira, em Mocoa, na Amazônia colombiana, em maio de 2022. • Juancho Torres/Anadolu Agency via Getty Images
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Pegadas humanas deixadas na lama da selva amazônica, na Amazônia colombiana, em abril de 2023. • Juancho Torres/Anadolu Agency via Getty Images
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Ponte sob o rio Mocoa durante fortes chuvas na Amazônia colombiana, na cidade de Mocoa, em maio de 2022. • Juancho Torres/Anadolu Agency via Getty Images
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Imagem aérea de zona desmatada na floresta amazônica no estado do Acre, na Amazônia brasileira, em julho de 2022. • Rafael Vilela for The Washington Post via Getty Images
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Boto é visto no rio Amazonas, na Colômbia, na Amazônia, em 4 de abril de 2023. • Juancho Torres/Anadolu Agency via Getty Images
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Fazendeiro olha para fumaça que sobe de incêndio em Alto Rio Guamá, na Amazônia brasileira, em setembro de 2020. • João Paulo Guimarães/picture alliance via Getty Images
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Vista de casa construída à margem do rio Limoeiro, no norte da Amazônia brasileira, em Limoeiro do Ajuru. • Dieh Sacramento/picture alliance via Getty Images
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Vista aérea de região desmatada da Amazônia colombiana, em março de 2023. • Juancho Torres/Anadolu Agency via Getty Images
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Grupo do Ibama combate foco de incêndio na cidade de Novo Progresso, no sul do Pará, na Amazônia brasileira, em agosto de 2020. • Ernesto Carriço/NurPhoto via Getty Images
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Grupo do Ibama combate foco de incêndio na cidade de Novo Progresso, no sul do Pará, na Amazônia brasileira, em agosto de 2020. • Ernesto Carriço/NurPhoto via Getty Images
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Vista da floresta amazônica pela proa de um barco, na cidade de Leticia, na Amazônia colombiana, em abril de 2023. • Juancho Torres/Anadolu Agency via Getty Images
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Plantas industriais na floresta amazônica, em Manaus, na Amazônia brasileira, em janeiro de 2023. • Jens Büttner/picture alliance via Getty Images
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Fotografia aérea de seção da floresta amazônica desmatada por incêndios, na região de Candeias do Jamari, em Porto Velho, na Amazônia brasileira, em agosto de 2019. • Victor Moriyama/Getty Images
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Vista do rio Amazonas na cidade de Letícia, na Amazônia colombiana, em abril de 2023. • Juancho Torres/Anadolu Agency via Getty Images
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Rio recorta os meandros da Amazônia brasileira em Manaus. Fotografia de janeiro de 2023. • Jens Büttner/picture alliance via Getty Images
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Casal de araras em ninho na Amazônia, em Roraima, em fotografia de novembro de 2017. • Ricardo Funari/Brazil Photos/LightRocket via Getty Images
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Família de pai e filhas carregam balde d'água na rodovia Transamazônica, no estado do Pará, na Amazônia brasileira, em novembro de 2017. • Ricardo Funari/Brazil Photos/LightRocket via Getty Images
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Gado é visto em pasto na bacia do alto rio Amazonas, em Rondônia. • Marica van der Meer/Arterra/Universal Images Group via Getty Images
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Acampamento de pesquisa do Amazon Tall Tower Observatory do Instituto Max Planck, na Amazônia brasileira, em Manaus, em janeiro de 2023. • Jens Büttner/picture alliance via Getty Images
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Casal de trinta-réis-grandes, também chamados de andorinha-do-mar, trinta-réis e gaivota, na Amazônia colombiana, em abril de 2023. • Juancho Torres/Anadolu Agency via Getty Images
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Ponte suspensa na floresta amazônia, na Amazônia peruana. • Kike Calvo/Universal Images Group via Getty Images
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Imagens tiradas de um hidroavião mostram nuvens passando pela floresta amazônica, em Manaus, em janeiro de 2023. • Jens Büttner/picture alliance via Getty Images
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Caminhão levanta poeira em estrada da Amazônia enquanto viaja em porção desmatada da floresta amazônica, próximo de Chupinguaia, em Rondônia, em junho de 2017. • Mario Tama/Getty Images
A Floresta Amazônica tem um significado maior do que representar 7% de toda a superfície do planeta e ter 10% de toda a biodiversidade do mundo. É também responsável diretamente por ajudar a controlar a quantidade de chuvas que atingem nosso país e mesmo os nossos vizinhos.
Um estudo feito pelo professor Henrique Barbosa, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), aponta que 25% das chuvas nas regiões Sul e Sudeste vêm da região amazônica.
“A reciclagem da umidade é muito importante, boa parte das chuvas é devolvida pela floresta de volta para a atmosfera, evapora ou é transpirada de volta, é uma contribuição importante”, disse, em entrevista à CNN Rádio.
David Lapola, pesquisador do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (CEPAGRI), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), explica que as árvores funcionam como uma espécie de canudo, puxando umidade do ar de camadas inferiores do solo e jogando vapor de água para a atmosfera, por meio da ‘transpiração’ das árvores.
“A quantidade de água que isso representa é enorme, até pelo tamanho da Floresta. Isso acaba reduzindo a temperatura. É como se fossem aqueles ventiladores com umidificadores unificados”, exemplifica.
Existe um segundo conceito, chamado de “rios voadores”. O pesquisador contou que isso acontece quando se forma um corredor de umidade que vem para o Sul e Sudeste — e, por isso, essa quantidade de precipitação representa um quarto do que chove nessas regiões. Tanto que Lapola considera que a Amazônia é “o radiador do mundo”, e não o pulmão, por não produzir tanto oxigênio assim.
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Ricardo de Camargo, professor do Departamento de Ciências Atmosféricas do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, explica que o impacto positivo não se estende apenas ao Brasil, e reforça que essa “reciclagem” que a Floresta Amazônica faz é fundamental.
“Sabemos que muito da precipitação que atinge Centro-Oeste, Sul, Sudeste, Paraguai, Argentina e Bolívia tem uma parcela importante de umidade da Floresta Amazônica. Não que ela seja a fonte principal, mas ela consegue manter a umidade que vem do Oceano Atlântico e equilibra as estações”, explica.
A estimativa é que pelo menos 20% da floresta brasileira (que representa 61,8% do total entre os oito países) já tenha sido desmatada. Mesmo que, eventualmente, isso fosse recuperado, Camargo considera que já há danos irreversíveis.
“Se a gente pensar em escala de tempo mais longa, a disponibilidade de umidade para os arredores, por meio da circulação atmosférica –como vento, por exemplo– vai ser ainda mais impactada com o desmatamento. E já vemos uma mudança no índice de chuvas em algumas localidades. A chance disso se reverter é muito pequena”, lamenta.
A divisão de Meteorologia do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) começou a apontar alguns desses efeitos: as chuvas previstas para Rondônia nesta semana, por exemplo, não aconteceram, por causa de uma massa de ar seco e calor.
“Quando há o desmatamento, a floresta perde a capacidade de retirar a umidade das camadas mais profundas do solo, e faz a evaporação acontece apenas com o que está na superfície”, acrescenta Lapola.
Um estudo liderado por Callum Smith, da Universidade de Leeds, publicado na revista Nature, coletou dados de precipitação por meio de satélite entre os anos de 2013 e 2017. Uma das conclusões é que o desmatamento atrapalha o ciclo da água e reduz significativamente as chuvas, principalmente nas estações chuvosas, e que a queda na quantidade de precipitações pode passar de 8% até 2050 na América do Sul.