"Levei para realizar um sonho", diz irmã de jovem morta após lipo no RJ

Família acusa equipe médica de negligência em hospital da Zona Oeste; Polícia apura o caso

Camille Couto, da CNN, Rio de Janeiro
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A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga a morte de Marilha Menezes Antunes, de 28 anos, após complicações durante um procedimento estético no hospital Amacor, em Campo Grande, Zona Oeste da cidade. O caso foi registrado nesta segunda-feira (8) na 35ª DP (Campo Grande) e encaminhado à Delegacia do Consumidor (Decon), que conduz as apurações. Agentes realizam diligências para esclarecer as circunstâncias e a causa do óbito.

Marilha trabalhava como técnica de segurança do trabalho em uma empresa de aviação e havia acabado de fazer aniversário em 1º de setembro. Como presente, decidiu se submeter a uma lipoaspiração nas costas com enxerto nos glúteos. De acordo com familiares, ela pediu indicação do médico, pesquisou e realizou todos os exames exigidos no risco cirúrgico. A jovem deixa um filho de seis anos.

A família acusa a equipe médica de negligência e afirma que a unidade particular não tinha estrutura adequada para emergências. Eles relatam que Marilha teria sofrido a perfuração de um órgão, o que provocou hemorragia.

Em entrevista à CNN, a irmã da vítima, Lea Carolina, contou que acompanhou a cirurgia junto com o pai. Após cerca de três horas, percebeu movimentação incomum da equipe e ouviu uma enfermeira pedindo uma ambulância.

“Perguntei se alguém estava passando mal, mas ninguém respondia. Subi ao centro cirúrgico e vi o médico tentando reanimar minha irmã. Questionei o que ele precisava e ele disse que era oxigênio. Acionei o Samu e, em seguida, a Polícia Militar, porque o médico não explicava o que havia acontecido. Só depois da chegada dos policiais foi feito o atestado de óbito”, relatou.

O Samu informou que foi acionado às 18h13 para atender a ocorrência no hospital. Apesar das tentativas de reanimação, Marilha não resistiu.

“Minha irmã era vida. Levei ela para realizar um sonho e ela conheceu a morte”, lamentou Lea.

Em nota, a Amacor disse lamentar profundamente o falecimento da paciente e destacou que a cirurgia foi conduzida por uma equipe médica terceirizada. A clínica, classificada como "One Day Clinic" (Hospital Dia com locação para procedimentos), afirmou que fornece apenas infraestrutura e orientação, e que o centro cirúrgico está equipado com dispositivos de emergência e protocolos de atendimento imediato.

A unidade declarou ainda que colaborará com as autoridades na investigação.

A CNN tenta contato com a defesa do médico responsável pelo procedimento e mantém o espaço aberto para manifestações.