Bebida com metanol: "Não sei se vodka é falsa", diz dono de bar
Centro de Vigilância Sanitária do Estado afirmou que estabelecimento adquiriu bebidas de um vendedor de rua, sem nota fiscal; bar foi interditado na terça-feira (30)

O dono de um bar envolvido nas operações foi levado à delegacia para prestar depoimento após a interdição do local, na terça-feira (30), e negou irregularidades no estabelecimento. “Não sei se a vodka é falsa. No meu comércio nunca entrou", declarou.
O bar fica na região da Mooca, em São Paulo.
CORREÇÃO: A versão anterior deste texto vinculou a fala "bebida quente é difícil comprar. A gente compra diretamente desses caras que vendem na rua, mas são conhecidos" ao dono do Bar Ministrão, localizado no Jardins, zona oeste de São Paulo, fechado pela Vigilância Sanitária. Porém, as palavras foram ditas por José Rodrigues, dono de um bar na Mooca, também interditado pelas autoridades da vigilância nesta terça-feira (30). O texto já foi corrigido.
Segundo Manoel Bernardes, diretor do Centro de Vigilância Sanitária do Estado, o estabelecimento adquiriu bebidas de um vendedor de rua, sem nota fiscal.
"A gente compra diretamente desses caras que vendem na rua, mas são conhecidos. Jamais eu compraria um negócio falso. Fiquei triste porque o laudo saiu hoje dizendo que tinha metanol. Até a gente não tem conhecimento sobre isso”, completou o responsável pelo local.
Segundo ele, a vítima apontada pela polícia como tendo consumido vodka no local era um cliente conhecido da região. “A frequência aqui é tudo familiar, gente do bairro. Ele era do bairro”, disse.
A interdição faz parte de uma ação da Polícia Civil e da Vigilância Sanitária. Na ocasião, foram apreendidas garrafas de bebidas destiladas. Agora, a corporação investiga se as bebidas comercializadas no local têm relação com mortes suspeitas por intoxicação em São Paulo.
A informação de que o bar foi interditado foi confirmada à CNN pela Secretaria Estadual da Saúde. A Vigilância Sanitária informou que o bar pode responder a processo administrativo. Além disso, pode sofrer penalidades que vão de multa a interdição.
Cinco mortes suspeitas de intoxicação por metanol, diz Tarcísio
Em entrevista coletiva nesta terça-feira (30), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirmou que cinco mortes suspeitas de intoxicação por bebidas adulteradas com metanol foram identificadas. Destas, uma foi confirmada e quatro seguem em investigação.
Segundo o governador, ao todo, o estado paulista acumula 22 casos — entre suspeitos e confirmados —, sendo 17 desses ainda sendo apurados.
O governador ainda destacou que o óbito confirmado aconteceu na cidade de São Paulo. Tarcísio pontuou que a primeira notificação sobre um caso suspeito de intoxicação foi registrada no último dia 1° deste mês.
Ainda na coletiva, Tarcísio descartou a participação do PCC no esquema de venda de bebidas alcoólicas falsificadas com metanol no estado.
O que é Metanol?
O metanol é uma substância líquida, inflamável e incolor. É amplamente utilizado como solvente, na fabricação de combustíveis, plásticos, tintas e medicamentos
Tem grande potencial de intoxicação, e quando consumido pode levar à morte mesmo em doses pequenas.
Bebidas com metanol: saiba como se proteger ao comprar produtos
O Centro de Vigilância Sanitária (CVS) da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo reforçou o alerta sobre os riscos de intoxicação por bebidas alcoólicas adulteradas com metanol.
Até o momento, o estado investiga casos recentes em que a substância foi identificada em destilados consumidos principalmente por jovens adultos.
Recomendação a estabelecimentos que vendem bebidas alcoólicas
O MJSP (Ministério da Justiça e Segurança Pública) emitiu uma recomendação urgente aos estabelecimentos que vendem bebidas alcoólicas no estado de São Paulo e em regiões próximas.
O documento do MJSP é direcionado a bares, restaurantes, casas noturnas, hotéis, organizadores de eventos, mercados, atacarejos, distribuidoras, plataformas de comércio eletrônico e aplicativos de entrega.
Em nota, o ministério recomendou atenção a itens com lacres tortos, erros evidentes de impressão e preços atipicamente baixos. O texto também alerta que devem ser tratados como suspeita de adulteração sintomas como visão turva, dor de cabeça e náusea.
*Sob supervisão de Carolina Figueiredo