Médico teria ameaçado esposa com injeção letal antes de envenenamento em SP

Laudo necroscópico apontou que vítima foi sendo envenenada gradualmente por sogra e marido

Julia Farias, da CNN*, Gabriela Milanezi, da CNN, em São Paulo
Compartilhar matéria

Uma denúncia anônima apontou que o médico Luiz Antonio Garnica teria ameaçado a esposa Larissa Rodrigues com uma injeção letal antes de envenená-la. O crime ocorreu em março deste ano, quando a professora de pilates foi vítima de envenenamento, por seu marido e sua sogra, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.

O corpo de Larissa foi encontrado pelo marido no apartamento do casal, na Zona Sul de Ribeirão Preto (SP). A participação do médico se tornou evidente para a polícia pela forma como ele encontrou o corpo da vítima e pela tentativa de limpar o apartamento depois de encontrá-la morta, interpretada como uma ação para ocultar provas da perícia.

Em conversa com a CNN neste sábado (5), o promotor de justiça Marco Túlio detalhou que um laudo necroscópico complementar apontou que a vítima foi sendo envenenada gradualmente.

"A gente presume que todas as vezes que a mãe [de Garnica] levava alimentos para Larissa, esses alimentos já tinham certa dose de chumbinho", ressaltou o promotor.

Quem era Larissa Rodrigues, professora morta envenenada em SP

Relação extraconjugal

De acordo com Marco Túlio, Garnica e a amante mantinham um relacionamento há cerca de um ano e meio, no entanto, Larissa passou a desconfiar da situação cerca de 14 dias antes de morrer.

"O relacionamento [do médico] com a amante era muito intenso, ele estava apaixonado por ela. A mãe já sabia desse romance, inclusive em certa mensagem ele [Garnica] fala para a amante que a mãe mandou ela ter paciência (isso nove dias antes da morte da Larissa)", completou o promotor.

Após descobrir a traição, a vítima expressou vontade em se divorciar. Depois do assassinato, o médico demonstrou pressa para acessar o dinheiro da esposa, chegando a realizar transações e pagamentos com o cartão e aplicativo dela.

Matheus Fernando da Silva, advogado que representa a família da professora Larissa Rodrigues, confirmou que a conta bancária da vítima foi movimentada após sua morte.

Crime premeditado

Segundo apuração da polícia, o crime teria sido premeditado. Testemunhas relataram que a professora havia reclamado de mal estar por semanas, mas era proibida de procurar atendimento médico pelo seu marido. As provas indicam que o crime teria sido motivado por questões financeiras.

Além disso, uma testemunha relatou à polícia que, aproximadamente 15 dias antes da morte, a sogra de Larissa estava procurando “chumbinho” para comprar.

No final do mês passado, a Polícia Civil concluiu o inquérito que investiga a morte de Larissa, quando o médico e a mãe dele, Elizabete Arrabaça, foram indiciados por homicídio qualificado. Luiz Antonio Garnica e sua mãe, tiveram prisão preventiva decretada no dia 6 de maio.

Depoimentos contraditórios

Em coletiva de imprensa, os delegados responsáveis afirmaram que durante a análise dos celulares dos suspeitos, foram encontradas conversas que contradiziam os relatos dados por eles.

Nos aparelhos móveis, foi descoberto a existência de diversas dívidas, incluindo em jogos de apostas. Além disso, no dia do crime, Luiz teria enviado mensagens para sua amante informando-a sobre a morte de Larissa. 

Outro ponto que levantou suspeitas foi o primeiro depoimento da sogra. Inicialmente, ela relatou que Larissa a teria convidado para conversar na noite anterior à morte, pois ambas haviam perdido parentes recentemente. No entanto, a investigação e outras provas colhidas pela polícia indicaram que esse encontro não ocorreu.

CNN tenta contato com a defesa dos acusados e o espaço segue aberto para manifestações.

*Sob supervisão de Carolina Figueiredo