Operação mira vazamento de informações sigilosas da Polícia Civil de SP

Dois policiais e um empresário foram presos suspeitos de participação no esquema; ação é desdobramento da Operação Tacitus, que prendeu policiais envolvidos com o PCC

Giovanna Machado, da CNN*, Carolina Figueiredo, da CNN, em São Paulo
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A Polícia Federal e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público de São Paulo deflagraram, na manhã desta quarta-feira (25), uma operação para desarticular um esquema de corrupção e vazamento de informações sigilosas envolvendo agentes públicos e particulares em São Paulo.

Segundo apuração da CNN, os presos são os policiais civis Sérgio Ricardo Ribeiro, conhecido como “Serginho Denarc”, e Marcelo Marques de Souza, conhecido como “Marcelo Bombom”, além do empresário e piloto de Fórmula Truck Roberval Andrade.

A ação, batizada de Operação Augusta, investiga o vazamento de informações da Polícia Civil paulista.

Em nota, a defesa de Roberval informou que está solicitando ao Juízo competente sua habilitação nos autos que originou o decreto da prisão, para se manifestar posteriormente.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) afirmou em nota que um investigador, lotado na Divisão de Crimes Contra a Administração do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), foi preso nesta quarta-feira (25).

Segundo a nota, ele é suspeito de envolvimento com tráfico de drogas e participação em organização criminosa. O policial está sendo apresentado na Delegacia e deverá passar por audiência de custódia nas próximas horas.

Ainda segundo a SSP, durante a operação, também foi cumprido um mandado de prisão e de busca e apreensão contra outro agente, que já se encontra detido. 0A secretaria informou que as investigações seguem sob sigilo para não comprometer o andamento dos trabalhos.

A ação é um desdobramento da Operação Tacitus, que prendeu policiais envolvidos com o PCC (Primeiro Comando da Capital) no ano passado.

Conforme as investigações, os suspeitos atuavam para favorecer ilegalmente pessoas investigadas em inquéritos criminais, mediante o pagamento de propina.

Entre os crimes apurados estão o arquivamento irregular de procedimentos policiais, o repasse clandestino de dados protegidos por sigilo e a intermediação ilícita para restituição de bens apreendidos, com uso de documentos falsificados.

Um dos episódios que motivou a Operação Augusta foi a tentativa de restituição de um helicóptero bloqueado pela Justiça. A aeronave está entre os bens e recursos identificados no esquema, que podem totalizar até R$ 12 milhões.

Ao todo, foram cumpridos três mandados de prisão preventiva e nove mandados de busca e apreensão – cinco na capital paulista, três na região metropolitana e um na cidade de Praia Grande. As ordens foram expedidas pelo Poder Judiciário de São Paulo.

A ação conta com apoio da Polícia Militar e da Corregedoria da Polícia Civil.

Os investigados poderão responder por crimes como corrupção ativa e passiva, violação de sigilo funcional, quebra de sigilo bancário e advocacia administrativa. As apurações seguem sob sigilo.

Desdobramento da Operação Tacitus

Sete pessoas, inclusive um delegado e três policiais civis foram presos em 17 de dezembro de 2024 durante a Operação Tacitus. O trabalho envolveu 130 policiais federais, apoiados pela Corregedoria da Polícia Civil e pelo Ministério Público, dando cumprimento a oito mandados de prisão e 13 de busca e apreensão nas cidades de Bragança Paulista, Igaratá, Ubatuba e na capital.

Na época, a Secretaria de Segurança de São Paulo (SSP) afirmou em nota que a operação buscava desarticular uma organização criminosa voltada à lavagem de dinheiro e crimes contra a administração pública (corrupção ativa e passiva).

A ação aconteceu no âmbito das investigações sobre a execução do delator Vinícius Gritzbach, em 8 de novembro, no aeroporto de Guarulhos. O esquema criminoso envolveria manipulação e vazamento de investigações policiais, venda de proteção a integrantes do PCC, além de lavagem de dinheiro para a organização criminosa.

Todos os alvos da Operação Tacitus teriam sido delatados por Gritzbach, por envolvimento em corrupção. O delegado Fábio Baena Martin foi detido, juntamente com os investigadores Eduardo Lopes Monteiro, Rogério de Almeida Felício, Marcelo Ruggieri, Marcelo Bombom e outras três pessoas.

Alguns dos demais presos são Ahmed Hassan e Robinson Granger de Moura. Em nota, a defesa de Fábio Baena afirmou que estava indignada e que a prisão não possuía necessidade.

*Sob supervisão