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    8 de Janeiro: Bolsonaro poderia ter evitado “mal maior”, diz Pacheco à CNN

    Presidente do Senado relata conversa com então presidente do STF durante os atos, critica postura de ex-presidente e afirma que falso patriotismo foi usado de forma criminosa; leia trechos da série especial da CNN sobre os ataques contra os Três Poderes

    Thais ArbexJussara SoaresRenata AgostiniMayara da Pazda CNN , Brasília

    O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), criticou a postura do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em meio aos atos criminosos do 8 de janeiro e afirmou que ele poderia ter usado de sua posição política para evitar os ataques em Brasília.

    A declaração foi feita em entrevista ao especial da CNN sobre os atos de 8 de janeiro, que será exibido ao longo da próxima semana.

    De acordo com Pacheco, o ex-presidente deveria ter dado “uma sinalização para a democracia” após não ter conseguido se reeleger para um segundo mandato, em outubro de 2022.

    O senador ainda disse que Bolsonaro poderia ter participado da posse de Lula e reconhecido que perdeu.

    “[Bolsonaro poderia ter] participado da posse, entregar a faixa presidencial, reconhecendo que perdeu naquele momento, mas que há um futuro pela frente da política em que a direita —não a extrema —, mas que a direita pode ser construída e ter bons propósitos para o Brasil”, defendeu.

    “O presidente Bolsonaro, nesse sentido, poderia ter evitado esse mal maior que foi o 8 de janeiro. Embora, repito, eu não queira ser leviano e responsabilizá-lo juridicamente por esses atos. Inclusive, isso cabe à Justiça Eleitoral”, declarou à CNN.

    O ex-presidente da República é investigado por supostamente ter incitado os ataques do 8 de janeiro, o que ele nega.

    Memória do 8 de janeiro

    Pacheco também defendeu que os atos do dia 8 de janeiro não devem ser esquecidos, mas que também não devem servir de pretexto para “amarrar” o Brasil na busca do desenvolvimento e da pacificação do país.

    Jamais esqueceremos desse acontecimento do dia 8 de janeiro, mas também não podemos amarrar o Brasil do seu desenvolvimento e da busca da pacificação a pretexto do que aconteceu. Nós temos que reconstruir a paz na sociedade, reconstruir a paz na política, entender que o Brasil tem problemas reais a serem enfrentados e que nós precisamos de um mínimo de união no nosso país.

    Rodrigo Pacheco

    Segundo Pacheco, os atos que resultaram na invasão das sedes dos Três Poderes, em Brasília, foram sinônimos de um “falso patriotismo” para “defender o Brasil” de forma “errônea, equivocada e criminosa”.

    “No final das contas, o que nós temos é no 8 de janeiro é uma expressão de insatisfação que foi às raias da criminalidade e da violação de bem jurídicos, e da multiplicidade de crimes de pessoas que se permitiram a pretexto de um falso patriotismo, um pseudopatriotismo, defender o país, entre aspas, mediante de uma forma absolutamente errônea, equivocada e criminosa”, pontuou à CNN.

    Atuação do governo

    Na entrevista com a CNN, Pacheco também relatou uma conversa por telefone com Rosa Weber, então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), no dia dos ataques aos prédios do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e da Suprema Corte.

    Segundo ele, durante o telefonema, foi comunicado que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não decretaria uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em resposta ao 8 de janeiro. O caminho adotado na ocasião foi o da intervenção na segurança pública do Distrito Federal.

    A GLO é uma prerrogativa do presidente da República prevista na Constituição Brasileira e geralmente é aplicada quando um estado enfrenta uma crise na segurança pública e solicita assistência federal.

    “Houve ali uma decisão de que não haveria nenhum tipo de pedido de intervenção [federal] ou de Garantia da Lei e da Ordem; que nós buscaríamos enfrentar isso dentro de uma normalidade”, relatou à reportagem.

    Para Pacheco, a decisão foi acertada e evitou a escalada do movimento antidemocrático.

    “Acabou com o governo federal fazendo a intervenção na segurança pública do DF. Tomou a decisão correta dentro de limites para evitar que houvesse uma escalada que pudesse fortalecer esse movimento antidemocrático”, acrescentou.

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