Análise: Defesas de Bolsonaro e Braga Netto se unem contra Cid
Analista de Política Jussara Soares afirmou, no CNN 360°, que, durante sustentações orais, advogados buscam descreditar depoimentos do ex-ajudante de ordens, questionando confiabilidade das informações prestadas à Polícia Federal
As defesas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do general Walter Braga Netto demonstraram alinhamento estratégico ao contestarem a delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, durante as sustentações orais realizadas nesta quarta-feira (3), em julgamento que apura suposta tentativa de golpe de Estado. A análise é de Jussara Soares no CNN 360°.
Durante as manifestações, os advogados dedicaram parte significativa de suas falas para questionar a credibilidade dos depoimentos prestados por Cid à Polícia Federal. A defesa chegou a classificar o ex-ajudante de ordens como "mentiroso" e "não confiável", fundamentando suas alegações nas múltiplas vezes em que Cid prestou novos depoimentos após seu acordo de colaboração premiada, firmado em setembro de 2023.
A defesa de Braga Netto concentrou-se em refutar especificamente a informação sobre uma suposta entrega de sacola de vinho contendo dinheiro, alegação que teria sido uma das últimas informações fornecidas por Cid à Polícia Federal.
Por sua vez, a defesa de Bolsonaro, conduzida pelo advogado Celso Vilardi, focou em mensagens atribuídas a Cid em redes sociais, especialmente uma troca de mensagens no Instagram com o advogado de outro réu. Com base nesses elementos, a defesa argumentou que Cid não cumpriu o acordo de colaboração premiada, reiterando pedidos de anulação.
Estratégias divergentes de outros réus
Em contraste com a abordagem adotada pelas defesas de Bolsonaro e Braga Netto, os advogados dos generais Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira utilizaram a delação de Cid de maneira distinta, buscando elementos que pudessem atenuar a participação de seus clientes nos fatos investigados.
A defesa de Bolsonaro também procurou afastar seu cliente de supostas articulações anteriores às eleições, alegando que ele não tinha conhecimento de planos que incluiriam o assassinato de autoridades, como as operações denominadas "Punhal Verde Amarelo", "Copa 22" e "Luneta".


