Análise: Figura de Bolsonaro é confundida com imagem do PL
Análise de Clarissa Oliveira, no Bastidores CNN, mostra como bolsonaristas querem conter crescimento do que está sendo chamado de "Direita 2.0", em meio a preocupações sobre a pulverização do capital político no campo conservador
A família Bolsonaro iniciou uma mobilização para tentar conter o crescimento da chamada "Direita 2.0", movimento que tem ganhado força com a ascensão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) no cenário político nacional. A reação surge em um momento de fragmentação do campo conservador e às vésperas de importantes decisões judiciais. A análise é de Clarissa Oliveira no Bastidores CNN.
O movimento de contenção não parte apenas do núcleo familiar, mas também de políticos que se aliaram fortemente à figura de Jair Bolsonaro (PL). O Partido Liberal, em particular, encontra-se em uma situação delicada, já que sua identidade acabou muito associada à imagem do ex-mandatário.
O grupo político ligado a Bolsonaro tem adotado diferentes táticas para minimizar a possibilidade de candidatura presidencial de Tarcísio. Entre as estratégias está a narrativa de que ele deve focar em sua reeleição, além de impor condições específicas para um eventual apoio à sua candidatura.
A manutenção do capital político construído desde 2018 tem se mostrado um desafio para o grupo. A capacidade de Bolsonaro em manter o controle sobre esse capital dependerá, em grande parte, dos desdobramentos dos processos judiciais em andamento e de como isso afetará sua participação no processo eleitoral.
A fragmentação da direita tem se intensificado, e a retenção do capital político nas mãos da família Bolsonaro parece cada vez mais desafiadora. A única circunstância que poderia favorecer essa concentração seria uma intensificação ainda maior da polarização política - cenário que, curiosamente, também interessaria ao campo adversário.


