Análise: Prioridade da CPMI do INSS é ouvir dirigentes da última década
Analista de política Luísa Martins avaliou no Bastidores CNN que a comissão responsável por apurar fraudes em descontos indevidos do INSS pretende investigar dirigentes desde 2015 para identificar responsáveis e a origem do esquema
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as fraudes nos descontos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) estabeleceu como foco inicial a análise da gestão dos últimos dez anos da instituição. A investigação busca compreender a origem e identificar os responsáveis pelos descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas. A análise é de Luísa Martins no Bastidores CNN.
A comissão definiu um marco temporal a partir de 2015, período que abrange diferentes gestões governamentais, para examinar as ações de presidentes do INSS, diretores e presidentes de entidades associativas que mantinham convênios com a instituição. Em apenas uma semana de funcionamento, a CPMI já acumula mais de 1.300 requerimentos, superando o ritmo de investigações anteriores de grande repercussão.
Segundo dados apresentados pela Advocacia Geral da União ao Supremo Tribunal Federal, existem mais de 65 mil ações judiciais relacionadas a descontos irregulares em todo o país. Os casos envolvem tanto situações de descontos não autorizados quanto autorizações obtidas mediante indução a erro, especialmente através de operadores de telemarketing que se aproveitavam da vulnerabilidade dos beneficiários.
A investigação revela um esquema complexo que inclui casos de operadores que obtinham autorizações de forma questionável, realizando contatos telefônicos rápidos e pouco claros com os beneficiários, que frequentemente não compreendiam o que estavam autorizando. As fraudes envolvem diversas modalidades de descontos indevidos, afetando milhares de aposentados e pensionistas em todo o Brasil.
Entre as principais linhas de investigação está a apuração de possíveis falhas na fiscalização por parte do Ministério da Previdência e do próprio INSS, além da análise do papel das entidades associativas no esquema.