
Arthur Lira e Renan Calheiros discutem pelo Twitter em novo capítulo de rivalidade em Alagoas
Presidente da Câmara e ex-presidente do Senado são figuras influentes na política alagoana

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), e o ex-presidente do Senado Renan Calheiros (MDB) — ambos representantes do estado de Alagoas — voltaram a trocar acusações públicas.
No Twitter, nesta segunda-feira (23), Calheiros relacionou Lira ao “orçamento secreto” e acusou o presidente da Câmara de querer “bater a carteira de governadores e prefeitos”.
O deputado respondeu horas depois, ironizando a acusação do senador e citando seu filho, Renan Filho (MDB), que renunciou ao governo de Alagoas em abril para disputar uma vaga no Senado nas eleições deste ano.
“Renan Calheiros falando em honestidade é a maior piada que existe. Isso é pra desviar (algo que RC sabe fazer) a atenção da enxurrada de denúncias que vão aparecer do governo do filho. Aguardem!”, escreveu Lira.
Pouco depois, Calheiros voltou a citar o presidente da Câmara na rede.
“Arthur Lira é o dono da chave do cofre do orçamento secreto que exala corrupção: ônibus, barras de ouro, robótica, caminhões de lixo etc. Além de pivete delinquente, é agressor de mulheres. O Código Penal e a Lei Maria da Penha o aguardam, de novo. #BolsolaoDoLixo #cpidomec”, afirmou o senador.
A tensão entre Calheiros e Lira se intensificou nas últimas semanas, com a eleição indireta para o governo de Alagoas. O deputado estadual Paulo Dantas (MDB), apoiado pelo senador, venceu a disputa e ocupará o cargo até o fim do ano.
Eleição indireta
No dia 2 de abril, Renan Filho se desincompatibilizou do cargo de governador para poder disputar o Senado, em outubro. O vice-governador Luciano Barbosa (MDB) havia sido eleito prefeito de Arapiraca em 2020, e o presidente da Assembleia Legislativa Marcelo Vitor (MDB) não assumiu o governo do estado porque isso o impediria de concorrer à reeleição.
Diante disso, foi convocada uma eleição indireta para 2 de maio.
Em 29 de abril, o PSB entrou com um pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender o pleito. A eleição foi adiada por 13 dias.
No dia 15 de maio, o candidato apoiado pelos Calheiros foi eleito para o mandato tampão. Paulo Dantas (MDB) recebeu 21 votos dos 27 possíveis, tendo como vice José Wanderley Neto, seu colega de partido.
Na segunda posição, ficaram Danúbia Barbosa e os deputados estaduais Cabo Bebeto (PL) e Davi Maia (União Brasil), com um voto cada. Apoiado por Arthur Lira, Maia não recebeu votos do partido do presidente da Câmara.
Acusações públicas
Desde o início de 2022, o ex-presidente do Senado citou Lira em 13 de suas publicações no Twitter. Todas as menções foram negativas. Na primeira, em 17 de março, acusa o desafeto de ter, ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PL), “lavado as mãos” com relação ao “caos nos combustíveis”.
Dez das treze falas aconteceram desde 29 de abril, quando a disputa estadual chegou ao STF. Na ocasião, Calheiros acusou o presidente da Câmara dos Deputados de uma tentativa de “golpe” em Alagoas.
O político do PP, por sua vez, não havia usado a rede para se manifestar sobre o senador neste ano até o mesmo 29 de abril, quando afirmou que Calheiros “entende bem” de dar golpes. Desde então, foram sete publicações em que citou o senador, sempre com desaprovação.
Histórico de rivalidade
Luciana Santana, cientista política e professora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), afirma que que a rivalidade entre os dois não começou agora. “O conflito vem de antes. Tem a ver com uma disputa territorial de poder político.”
As condições, porém, variam conforme o cenário local. “Em alguns momentos, eles estão juntos. Não é uma intriga sem nenhum tipo de trégua”, diz a professora.
Ranulfo Paranhos, também cientista político da Universidade Federal de Alagoas, lembra um momento de aliança entre os dois. “Em 2010, quando o pai de Arthur Lira [Benedito de Lira] se elegeu senador, Renan Calheiros era seu aliado.”
Na análise do professor, a tensão entre os dois cresceu na medida em que o presidente da Câmara se projetou no estado. “O fato de Lira formar um grupo político competitivo em Alagoas é novo.”
A professora Luciana Santana acrescenta que, nos últimos anos, aliados de Lira têm ocupado espaços de poder em Alagoas que antes pertenciam ao PSDB e ao então PFL.
No pleito de outubro, os Calheiros serão novamente representados por Paulo Dantas, que buscará a reeleição. Lira, por sua vez, apoia o senador Rodrigo Cunha (União Brasil) na disputa pelo Executivo estadual.
Lira e Calheiros rivalizam também na disputa nacional. Enquanto o senador apoia a candidatura do ex-presidente Lula (PT) à Presidência, o deputado defende a reeleição de Jair Bolsonaro (PL).
Ranulfo Paranhos afirma que isso amplia a tensão. “No governo do atual presidente, Arthur Lira assume uma posição de destaque, e Renan Calheiros a perde.”
Fotos – Os senadores cujo mandato acaba em 2023
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Acre
Mailza Gomes (PP)
Mandato: 2019 - 2023
Suplente de Gladson Cameli, eleito em 2018 governador do Acre
Crédito: Divulgação/Senado - 2 de 27
Alagoas
Fernando Collor (PTB)
Mandato: 2015 - 2023
Crédito: Divulgação/Senado - 3 de 27
Amapá
Davi Alcolumbre (União*)
Mandato: 2015 - 2023
Foi presidente do Senado entre os anos de 2019 e 2021
*Eleito pelo DEM
Crédito: Divulgação/Senado - 4 de 27
Amazonas
Omar Aziz (PSD)
Mandato: 2015 - 2023
Crédito: Divulgação/Senado - 5 de 27
Bahia
Otto Alencar (PSD)
Mandato: 2015 - 2023
Crédito: Divulgação/Senado - 6 de 27
Ceará
Tasso Jereissati (PSDB)
Mandato: 2015 - 2023
Crédito: Divulgação/Senado - 7 de 27
Distrito Federal
José Antônio Machado Reguffe (União*)
Mandato: 2015 - 2023
*Eleito pelo PDT
Crédito: Divulgação/Senado - 8 de 27
Espírito Santo
Rose de Freitas (MDB)
Mandato: 2015 - 2023
Crédito: Divulgação/Senado - 9 de 27
Goiás
Luiz do Carmo (PSC)
Mandato: 2019 - 2023
Suplente de Ronaldo Caiado, eleito governador de Goiás em 2018
Crédito: Divulgação/Senado - 10 de 27
Maranhão
Roberto Rocha (PTB*)
Mandato: 2015 - 2023
*Eleito pelo PSB
Crédito: Divulgação/Senado - 11 de 27
Mato Grosso
Wellington Fagundes (PL)
Mandato: 2015 - 2023
Crédito: Divulgação/Senado - 12 de 27
Mato Grosso do Sul
Simone Tebet (MDB)
Mandato: 2015 - 2023
Crédito: Divulgação/Senado - 13 de 27
Minas Gerais
Alexandre Silveira (PSD)
Mandato: 2022 - 2023
Suplente de Antônio Anastasia, eleito ministro do Tribunal de Contas da União (TCU)
Crédito: Divulgação/Senado - 14 de 27
Pará
Paulo Rocha (PT)
Mandato: 2015 - 2023
Crédito: Divulgação/Senado - 15 de 27
Paraíba
Nilda Gondim (MDB)
Mandato: 2021 - 2023
Suplente de José Maranhão, que morreu em 2021
Crédito: Divulgação/Senado - 16 de 27
Paraná
Álvaro Dias (Podemos*)
Mandato: 2015 - 2023
*Eleito pelo PSDB
Crédito: Divulgação/Senado - 17 de 27
Pernambuco
Fernando Bezerra Coelho (MDB*)
Mandato: 2015 - 2023
*Eleito pelo PSB
Crédito: Divulgação/Senado - 18 de 27
Piauí
Elmano Férrer (PP*)
Mandato: 2015 - 2023
*Eleito pelo PTB
Crédito: Divulgação/Senado - 19 de 27
Rio de Janeiro
Romário (PL*)
Mandato: 2015 - 2023
*Eleito pelo PSB
Crédito: Divulgação/Senado - 20 de 27
Rio Grande do Norte
Jean Paul Prates (PT)
Mandato: 2019 - 2023
Suplente Suplente de Fátima Bezerra, eleita em 2018 governadora do Rio Grande do Norte
Crédito: Divulgação/Senado - 21 de 27
Rio Grande do Sul
Lasier Martins (Podemos*)
Mandato: 2015 - 2023
*Eleito pelo PDT
Crédito: Divulgação/Senado - 22 de 27
Rondônia
Acir Gurgacz (PDT)
Mandato: 2015 - 2023
Crédito: Divulgação/Senado - 23 de 27
Roraima
Telmário Mota (Pros*)
Mandato: 2015 - 2023
*Eleito pelo PTB
Crédito: Divulgação/Senado - 24 de 27
Santa Catarina
Dário Berger (MDB)
Mandato: 2015 - 2023
Crédito: Divulgação/Senado - 25 de 27
São Paulo
José Serra (PSDB)
Mandato: 2015 - 2023
Crédito: Divulgação/Senado - 26 de 27
Sergipe
Maria do Carmo Alves (União*)
Mandato: 2015 - 2023
*Eleita pelo DEM
Crédito: Divulgação/Senado - 27 de 27
Tocantins
Kátia Abreu (PP*)
Mandato: 2015 - 2023
*Eleita pelo MDB
Crédito: Divulgação/Senado