
Candidatos a presidente falam sobre a indústria
Índice de Confiança do setor recuou em julho; e a maioria dos segmentos industriais sofre com a escassez ou o encarecimento de insumos

O Índice de Confiança da Indústria recuou 1,7 ponto em julho e fechou o mês em 99,5 pontos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre). A pesquisa tem escala de 0 a 200 pontos — quanto maior o número de pontos, melhor para o cenário nacional.
A baixa se deveu à perspectiva de manutenção dos níveis elevados de inflação e juros até o final do ano, além do aumento da incerteza política durante o período eleitoral, segundo o instituto.
A escassez ou o encarecimento de insumos afeta 22 de 25 setores da indústria, apontou um levantamento da Confederação Nacional da Indústria divulgado no fim de julho. Este problema começou com a pandemia de Covid-19 – medidas de isolamento social prejudicou o transporte de matérias-primas usadas pela indústria.
A CNN perguntou aos pré-candidatos à Presidência da República o que eles pensam sobre o setor industrial brasileiro e o que pretendem fazer para fortalecê-lo.
Confira abaixo as respostas:
Luiz Inácio Lula da Silva (PT):
A indústria brasileira é fundamental para o crescimento econômico, a geração de empregos, as exportações e a arrecadação de tributos. Enquanto o mundo passa por uma nova revolução tecnológica e por um momento de reativação da política industrial, o Brasil experimenta a perda de participação da indústria no PIB.
Nesse cenário, a política industrial deve estar orientada para modernizar a estrutura produtiva por meio da promoção da reindustrialização, do fortalecimento de vantagens competitivas e do estímulo a projetos inovadores.
A principal missão da política industrial será promover o engajamento da indústria nas transições tecnológica, social e ambiental do país, portanto, deve ser fundamentalmente uma política de fomento à inovação, com especial atenção para a digitalização e a descarbonização da economia.
Para tanto é fundamental fortalecer a empresa nacional, privada e pública, por meio de instrumentos como financiamento e créditos adequados, investimentos indutores e garantias que ampliem e agreguem valor à produção, fortalecimento dos bancos públicos e empresas estatais estratégicas, compras governamentais, conteúdo local, acordos de cooperação, estímulo à inovação de produtos, processos e modelos de negócios, além de educação e qualificação profissional.
A política industrial deve se orientar por missões que sejam capazes, a um só tempo, de incentivar mudanças produtivas e tecnológicas e de atender a demandas sociais e ambientais.
Jair Bolsonaro (PL):
O candidato não respondeu até o momento da publicação.
Ciro Gomes (PDT):
O candidato não respondeu até o momento da publicação.
Simone Tebet (MDB):
A candidata não respondeu até o momento da publicação.
André Janones (Avante):
O candidato não respondeu até o momento da publicação.
Pablo Marçal (Pros):
O setor industrial é responsável por mais de 20% do PIB brasileiro. As pessoas e as empresas geram riqueza, e não os políticos e governos. O papel do governo é criar condições para a empresarização, por isso eu coloquei no plano de governo diretrizes para criar 10 milhões de empresas em quatro anos: investir pesado na infraestrutura, promover a reforma tributária, transformar profundamente o ensino desde a base e acabar com a reeleição.
Só a reforma tributária tem potencial de aumentar o PIB em até 7% ao ano nos próximos oito anos, de acordo com previsões mais otimistas, além de fazer a descompressão sobre as empresas que não suportam mais a carga tributária sufocante que temos.
Sem investir em infraestrutura, não geramos emprego e nem criamos base de crescimento dessas indústrias. A curto, médio e longo prazos, a educação e a virtualização podem revolucionar o setor industrial favorecendo produtos de alta tecnologia para replicar o modelo da nossa indústria aeronáutica, uma das mais avançadas do mundo. Mas acreditem, o maior entrave para tudo isso é a reeleição.
Não teremos reformas profundas que deem condições aos brasileiros e às indústrias prosperarem enquanto tivermos reeleição no Brasil.
Vera Lúcia (PSTU):
A candidata não respondeu até o momento da publicação.
Felipe d’Avila (Novo):
A indústria brasileira sofre há décadas com problemas sérios. Um deles é o custo Brasil: falta infraestrutura de qualidade, sobram burocracias, encargos tributários e trabalhistas. Isso se resolve retomando os investimentos com responsabilidade fiscal e aprovando as reformas tributária e trabalhista, que há décadas sabemos que são necessárias.
Há um outro obstáculo, porém, que impede a nossa indústria de atingir seu verdadeiro potencial: o isolamento comercial. Ao invés de seguirmos o modelo de todos os países que deram certo, e que abriram suas economias para o comércio internacional ao longo dos anos 80, o Brasil continuou isolado e protecionista. O resultado é uma indústria que não compete nem se integra às cadeias globais de valor.
Em vez de modernizar a produção e conquistar mercados no mundo todo, optamos por dificultar o comércio e limitar nossa produção ao mercado interno. Por isso, defendo uma abertura completa da nossa economia, que deve acontecer de forma gradual e planejada. Nossa indústria deve se conectar às cadeias de valor globais e regionais. Para conseguirmos uma produção competitiva, devemos reduzir o peso do Estado e resolver os gargalos de infraestrutura e de mão-de-obra qualificada. Tudo isso é possível. Basta seguir os modelos que deram certo, com convicção e responsabilidade.
José Maria Eymael (DC):
Para o desenvolvimento da indústria no Brasil, o passo fundamental é promover a reforma tributária. O sistema tributário atual esmaga empresas e pessoas impedindo o Brasil de crescer.
Na Constituinte, meu foco foi a proteção do contribuinte e, como constituinte, sou o ator de todas as normas constitucionais nesse sentido.
Como presidente da República, um dos meus compromissos fundamentais é promover imediatamente a reforma tributária para que o sistema tributário brasileiro seja um instrumento de crescimento da economia do país.
Leonardo Pericles (UP):
O candidato não respondeu até o momento da publicação.
Sofia Manzano (PCB):
A candidata não respondeu até o momento da publicação.
Debate
As emissoras CNN e SBT, o jornal O Estado de S. Paulo, a revista Veja, o portal Terra e a rádio NovaBrasilFM formaram um pool para realizar o debate entre os candidatos à Presidência da República, que acontecerá no dia 24 de setembro.
O debate será transmitido ao vivo pela CNN na TV e por nossas plataformas digitais.
Fotos – Os candidatos à Presidência
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Jair Bolsonaro, presidente do Brasil e candidato à reeleição pelo PL
Crédito: CLÁUDIO REIS/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - 2 de 12
Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente, governou o país entre 2003 e 2010 e é o candidato do PT
Crédito: Ricardo Stuckert/Divulgação - 3 de 12
O candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) - 20/07/2022
Crédito: FÁTIMA MEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - 4 de 12
Simone Tebet cumpre o primeiro mandato como senadora por Mato Grosso do Sul e é a candidata do MDB à Presidência
Crédito: Divulgação/Flickr Simone Tebet - 5 de 12
Felipe d'Avila, candidato do partido Novo, entra pela primeira vez na corrida pela Presidência
Crédito: ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO - 6 de 12
José Maria Eymael (DC) já concorreu nas eleições presidenciais em 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018, sempre pelo mesmo partido
Crédito: Marcello Casal Jr/Agência Bras - 7 de 12
Vera Lúcia volta a ser candidata à Presidência da República pelo PSTU. Ela já concorreu em 2018
Crédito: Romerito Pontes/Divulgação - 8 de 12
Leonardo Péricles, do Unidade Popular (UP), se candidata pela primeira vez a presidente
Crédito: Manuelle Coelho/Divulgação/14.nov.2021 - 9 de 12
Sofia Manzano (PCB) é pré-candidata à Presidência da República nas eleições de 2022
Crédito: Pedro Afonso de Paula/Divulgação - 10 de 12
Pablo Marçal, candidato à Presidência pelo Pros. Ele é empresário e se filiou ao partido no fim de março de 2022
Crédito: FÁTIMA MEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - 11 de 12
O PTB escolheu o ex-deputado federal Roberto Jefferson como candidato. Condenado em 2012 pelo caso do mensalão, Jefferson está em prisão domiciliar desde janeiro de 2022 por suspeita de ligação com uma milícia digital que atenta contra a democracia, segundo o Supremo Tribunal Federal
Crédito: FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO - 12 de 12
Senadora Soraya Thronicke (União Brasil-MS), candidata à Presidência da República - 02/08/2022
Crédito: ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO