CCJ do Senado aprova derrubada de decretos de demarcações de terras em SC

Comissão aprovou voto em separado do senador Sergio Moro (União-PR) sobre o projeto; texto ainda será analisado no plenário

Emilly Behnke, da CNN
DF - BRASÍLIA, ÍNDIOS NO CONGRESSO - GERAL - BRASÍLIA, ÍNDIOS NO CONGRESSO - Indígenas integrantes do acampamento ?Luta pela vida?, organizado pela Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) tem como objetivo interferir no que considera risco as suas terras e para a população indígenas no Congresso e no Supremo Tribunal Federal. O principal motivo do movimento e fazer mobilização contra o julgamento no Supremo que poderá alterar o regime de demarcação de terras indígenas. O STF deverá decidir uma ação de reintegração de posse movida pelo governo de Santa Catarina contra o povo Xokleng, que diz respeito à Terra Indígena Ibirama-Laklãnõ, onde também vivem os povos Guarani e Kaingang, uma ação que tem status de ?repercussão geral?, a decisão passará a balizar todas as instâncias da Justiça e servirá de referência a todos os processos, procedimentos administrativos e projetos legislativos no que diz respeito aos procedimentos de demarcação de terras indígenas. Os indígenas participaram de ato nesta terça-feira, 24 de agosto, em frente ao Congresso Nacional. 24/08/2021 - Foto: MATEUS BONOMI/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO  • ESTADÃO CONTEÚDO
Compartilhar matéria

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovou nesta quarta-feira (28) projeto que derruba decretos do governo de demarcação de terras em Santa Catarina. A proposta segue agora para a análise do plenário.

O texto derruba decretos do Executivo assinados em dezembro de 2024 para homologar as terras indígenas Toldo Imbu, em Abelardo Luz (SC), e Morro dos Cavalos, em Palhoça (SC).

A maioria dos integrantes da comissão rejeitou o relatório do senador Alessandro Vieira (MDB-SE) e decidiu aprovar um voto em separado do senador Sergio Moro (União-PR).

O parecer de Vieira rejeitava a revogação das demarcações e previa apenas sustar um artigo de um decreto de 1996 que regulamenta o processo administrativo de demarcação.

Moro apresentou voto favorável ao projeto original, apresentado pelo senador Esperidião Amin (PP-SC). A matéria foi apresentada por Amin com base na Lei 14.701, de 2023, sobre o marco temporal das terras indígenas e novas regras para demarcações.

Em seu voto, Moro argumenta que a Lei do Marco Temporal tem sido “ignorada” pelo Executivo e Judiciária. A legislação foi aprovada pelo Congresso e alvo de veto presidencial, que foi derrubado pelos parlamentares.

Para o senador, os decretos de demarcações do governo "foram editados com base em procedimento já incompatível com a lei".

A versão de Moro foi aprovada de forma simbólica com votos contrários dos senadores Rogério Carvalho (PT-ES), líder da bancada petista no Senado, e da senadora Zenaide Maia (PSD-RN). Se for aprovado pelo plenário, o projeto seguirá para a análise da Câmara dos Deputados.

Análise no STF

O Supremo Tribunal Federal (STF) já considerou inconstitucional a tese do marco temporal como inconstitucional. No ano passado, em abril, o ministro Gilmar Mendes determinou a criação de uma comissão especial na Corte para discutir o tema e suspendeu todas as ações em curso sobre o marco temporal.

Em janeiro deste ano, o ministro André Mendonça, do STF, já havia suspendido o decreto do governo sobre as terras demarcadas em Toldo Imbu, em Abelardo Luz (SC). A decisão valerá até o julgamento do recurso sobre a tese do marco temporal das terras indígenas.