Cid admite ter falado com revista em suposta troca de mensagens

Ex-ajudante de ordens teria usado o Instagram para desabafar durante investigações da PF, período em que estava proibido de usar as redes sociais

Lucas Schroeder e Teo Cury, da CNN, São Paulo e Brasília
O tenente-coronel Mauro Cid em depoimento ao STF  • Ton Molina/STF
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Em mensagens supostamente enviadas através do perfil @gabrielar702, o tenente-coronel Mauro Cid teria admitido, em março de 2024, ter conversado com a Revista Veja. Na ocasião, a revista divulgou áudios em que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) dizia estar sendo pressionado pela Polícia Federal (PF) a delatar "coisas que não sabia".

A declaração de Cid admitindo que conversava com a publicação consta em áudios divulgados pelo Supremo Tribunal Federal nesta segunda-feira (16), dias após a revista Veja publicar capturas de tela das mensagens trocadas pelo perfil @gabrielar702 no Instagram com um interlocutor não identificado.

O advogado Eduardo Kuntz, que atua na defesa de um dos réus da ação penal do plano de golpe, informou a Moraes ter mantido conversas com Cid pelo Instagram nos primeiros meses de 2024.

As conversas teriam acontecido durante o período em que as investigações conduzidas pela Polícia Federal ainda estavam em curso e em que Cid estava proibido de manter contato ou utilizar as redes sociais para se comunicar.

No material, Cid teria afirmado em quatro mensagens avulsas (confira a captura de tela abaixo): "Mas eu estou falando...", "Escuta hj o Alexandre Garcia", "Falei com a Veja...", "Semana passada".

Em mensagens trocadas com o advogado Eduardo Kuntz, em março de 2024, Cid admite ter conversado com Veja • Reprodução
Em mensagens trocadas com o advogado Eduardo Kuntz, em março de 2024, Cid admite ter conversado com Veja • Reprodução

A defesa de Mauro Cid, delator na ação penal do plano de golpe, alega que as mensagens reveladas pela revista e atribuídas ao militar não são verdadeiras.

No interrogatório a que foi submetido na semana passada no STF, o ex-ajudante de ordens afirmou que não usou redes sociais no período em que estava sob medidas restritivas.

Ao ser questionado pelo advogado Celso Vilardi, que representa Bolsonaro, se fez uso de um perfil no Instagram que não está no nome dele, Cid respondeu desconcertado que “não”. “Todos os meus celulares foram apreendidos”, completou.

Vilardi então pergunta se Cid “conhece um perfil chamado @gabrielar702?”. Cid responde: “Esse perfil, eu não sei se é da minha esposa”.