"Cid não sabia do Punhal Verde e Amarelo", afirma defesa

Advogado do ex-ajudante de ordens explica que o militar não sabia do plano para matar autoridades de República

Davi Vittorazzi, Gabriela Boeachat e Tayná Farias, da CNN, Brasília e São Paulo
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O advogado de Mauro Cid, Jair Alves Pereira, afirmou nesta terça-feira (2), durante o julgamento que pode condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à prisão, que o ex-ajudante de ordens não tinha conhecimento do plano denominado "Punhal Verde e Amarelo".

"O que efetivamente está nos autos é que o Mauro Cid jamais elaborou, compartilhou, insinuou qualquer conteúdo, que não sequer uma única mensagem de sua autoria, propondo, incentivando ou validando qualquer atentado contra a democracia, ou contra o sistema eleitoral”, disse a defesa.

Segundo investigações, o plano previa matar autoridades. Os alvos seriam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Segundo as investigações, o grupo era formado, em sua maioria, por militares das Forças Especiais do Exército, os chamados “kids pretos”. 

Os assassinatos foram planejados para ocorrer em 15 de dezembro de 2022, três dias após a diplomação de Lula no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A ideia era envenenar os alvos. 

A defesa citou ainda "ausência de fatos concretos" que tragam fundamentos para uma ação penal.

O advogado alegou que "não houve coação" ao seu cliente durante o processo. Segundo ele, a atuação da equipe da PF (Polícia Federal) liderada pelo delegado Flávio Schor foi "extremamente ética e profissional". "Eles nunca falaram com o Mauro Cid sem a presença da defesa", afirmou.

Quem são os réus do núcleo 1?

Além do ex-presidente Jair Bolsonaro, o núcleo crucial do plano de golpe conta com outros sete réus:

  • Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-presidente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência);
  • Almir Garnier, almirante de esquadra que comandou a Marinha no governo de Bolsonaro;
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro;
  • Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) de Bolsonaro;
  • Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
  • Paulo Sérgio Nogueira, general e ex-ministro da Defesa de Bolsonaro; e
  • Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil no governo de Bolsonaro, candidato a vice-presidente em 2022.

Por quais crimes os réus estão sendo acusados? 

Bolsonaro e o outros réus respondem na Suprema Corte a cinco crimes. São eles: 

  • Organização criminosa armada; 
  • Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; 
  • Golpe de Estado; 
  • Dano qualificado pela violência e ameaça grave; 
  • Deterioração de patrimônio tombado. 

A exceção fica por conta de Ramagem. No início de maio, a Câmara dos Deputados aprovou um pedido de suspensão a ação penal contra o parlamentar. Com isso, ele responde somente aos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.