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    Eleições 2022

    Coalizão envia a pré-candidatos propostas para combate à fome, desemprego e desmatamento

    Para Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, proteção da floresta amazônica é o ponto de partida; documento será encaminhado a quem disputará o pleito de outubro a partir desta quarta-feira

    Filipe Brasilda CNN , Rio de Janeiro

    Um grupo formado por entidades, empresas e organizações da sociedade civil elaborou uma lista de propostas para os candidatos às eleições deste ano sobre assuntos como combate à fome, enfrentamento ao desmatamento e desemprego.

    O documento da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura será compartilhado, a partir desta quarta-feira (29), com quem pretende disputar as eleições ao Executivo e Legislativo, nas esferas nacional e estadual.

    A Coalizão é formada por mais de 300 representantes do setor privado, financeiro, academia e sociedade civil por uma economia de baixo carbono, como Associação Brasileira do Agronegócio, Associação Brasileira da Indústria de Alimentos, Unilever, Transparência Brasil e WWF Brasil.

    As propostas serão entregues também a outras organizações da sociedade civil e representações do setor produtivo, agências multilaterais, instituições financeiras e embaixadas. “O combate à fome é complexo e exige atuação em inúmeras frentes, mas não terá sucesso se não houver produção abundante e barata de alimentos”, afirma Marcello Brito, membro da coalizão.

    Para o grupo, “é essencial construir uma nova economia que responda à crise climática, à perda da biodiversidade e à desigualdade, e para isso, é fundamental adotar uma nova mentalidade de desenvolvimento do país”.

    Proteção da floresta amazônica

    Para as entidades, a proteção da floresta amazônica é o ponto de partida. O documento cita que o bioma, além de ter características ambientais fundamentais para o desenvolvimento do país, representa um potencial enorme para um “programa sério de bioeconomia”.

    “Sem um combate efetivo ao desmatamento, notadamente da floresta amazônica, o Brasil ficará cada vez mais vulnerável às mudanças do clima, que são um fator-chave para a produtividade agropecuária. A boa notícia é que combater o desmatamento, reflorestar, recuperar áreas degradadas e investir na produção de alimentos gera emprego e renda para os brasileiros e para o país. É esse ciclo virtuoso ambiental, social e econômico que queremos compartilhar com todos que estão pensando o futuro do Brasil a partir do próximo ano”, diz o documento.

    As entidades destacam ainda o fato do desmatamento ser responsável por 44% das emissões de gases do efeito estufa anuais no país, “acelerando as mudanças climáticas e eventos extremos que estão causando mortes e prejuízos em várias regiões do país”.
    Para a coalizão, o clima é o fator mais crítico para o sucesso da agropecuária, já que as alterações climáticas “não podem ser superadas com agroquímicos ou maquinários”. E por sua vez, o combate à fome depende do sucesso da agropecuária para oferta de alimentos em abundância e a preços acessíveis.

    País é líder em exportação de alimentos, mas fome cresce

    A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura ressalta a contradição entre o posicionamento do Brasil entre os maiores exportadores de alimentos no mundo e o crescimento da fome nos últimos anos.

    No documento produzido pelo grupo, consta que, atualmente, o Brasil é o quarto maior produtor de alimentos, segundo maior exportador de grãos e o maior exportador de carne bovina do mundo. No entanto, hoje, são 33 milhões de brasileiros em situação de fome, segundo dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan).

    Para as entidades, é preciso dar apoio técnico e financeiro à agricultura familiar e pequenos produtores, com alocação de investimentos em formas sustentáveis de produção. E o mesmo paradigma deve ser aplicado ao grande agronegócio para impulsionar o avanço de métodos regenerativos e de baixo carbono.

    No documento, consta ainda que as regiões mais populosas do Brasil têm inúmeras áreas degradadas, cuja recuperação pode gerar emprego e renda, fortalecendo as economias locais.

    Confira o resumo dos três eixos de propostas da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura e os principais pontos de cada um:

    1. Combate ao desmatamento e à perda de recursos naturais

    ● Intensificação da fiscalização;
    ● Validação urgente do Cadastro Ambiental Rural (CAR);
    ● Implementação do Código Florestal;
    ● Retomada imediata do ordenamento territorial, com destinação de 10 milhões de hectares à proteção e uso sustentável;
    ● Transparência e rigor nas autorizações de supressão de vegetação.

    2. Produção de alimentos e combate à fome

    ● Apoio financeiro e técnico à agricultura familiar;
    ● Priorização da alocação de investimentos em formas sustentáveis de produção;
    ● Fortalecimento de instrumentos de gestão integrada de riscos na agropecuária;
    ● Restauração de áreas degradadas.

    3. Geração de emprego e renda

    ● Instituição de políticas públicas e incentivos fiscais voltados à bioeconomia;
    ● Fomento à pesquisa e inovação ligadas à biodiversidade brasileira;
    ● Incentivo ao desenvolvimento de fontes de energia limpas e renováveis;
    ● Regulamentação da lei que institui a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) e de dispositivos previstos no Código Florestal;
    ● Investimento em manejo florestal sustentável;
    ● Implementação do mercado de carbono no Brasil.

    *sob supervisão de Pauline Almeida

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