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Cúpula do Brics esvaziada enfrenta dificuldades para manter agenda

Com falta de principais líderes políticos, grupo terá mais dificuldades de tratar sobre temas mais duros em reuniões

Danilo Cruz, da CNN, em São Paulo
Lula deve manter um tom conciliador na relação dos países do Brics com o resto do mundo  • Foto: Carlos Moura/Agência Senado
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O Brasil sedia a cúpula do Brics neste fim de semana sem os líderes políticos de alguns dos principais países do bloco, como Rússia e China. Com palcos esvaziados, o grupo enfrenta dificuldades para definir a própria agenda.

Xi Jinping e Vladimir Putin não virão ao Rio de Janeiro participar das reuniões. China e Rússia mandaram representantes para substituir os chefes de Estado nas tratativas.

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, e o presidente do Egito, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, também não comparecerão. Com a falta das principais lideranças políticas, a cúpula do Brics perdeu força e terá mais dificuldade para tratar de temas mais duros, como os conflitos globais e mudanças no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).

O bloco entende que a atual estrutura da organização não representa o interesse da maioria das nações, negligenciando países em desenvolvimento durante negociações de paz.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), inclusive, criticou a inação das Nações Unidas em guerras ao redor do mundo. "Há muito tempo que eu não via a nossa ONU tão insignificante como ela se apresenta hoje. Uma ONU que foi capaz de criar um Estado de Israel não é capaz de criar o Estado palestino.", disse Lula.

As discussões anunciadas até o momento devem envolver inteligência artificial e financiamento climático.

Lula deve manter um tom conciliador na relação dos países do Brics e com o resto do mundo, evitando conflitos com os Estados Unidos e outras potências do Ocidente. O objetivo é reforçar o bloco como um guardião do multilateralismo, em contraponto justamente à guerra comercial promovida pela Casa Branca.

O presidente americano, Donald Trump, já criticou anteriormente o grupo, especialmente pela discussão da criação de uma moeda alternativa ao dólar. Trump ameaçou a imposição de tarifas ao bloco se o tema for para frente.

Nesta sexta-feira (4), Lula voltou a tratar sobre a possibilidade e criticou o "protecionismo" na economia global. "É por isso que a discussão de vocês sobre a necessidade de uma nova moeda de comércio é extremamente importante.", afirmou.