Ex-adversário de Lula, Alckmin se filia ao PSB e abre espaço para ser vice do petista
Ex-governador de São Paulo se filiou ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) durante evento em Brasília na manhã desta quarta-feira
Com um discurso no qual enalteceu a pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como quem melhor representa a “esperança do povo brasileiro”, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin formalizou na manhã desta quarta-feira (23) sua filiação ao PSB, durante evento na sede da Fundação João Mangabeira, vinculada ao partido, em Brasília.
Com a assinatura de sua ficha de filiação, Alckmin deu mais um passo para ocupar a posição de vice na chapa com o petista. Lula não esteve presente no evento ― a presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, representou o PT.
Ao falar de Lula, Alckmin parabenizou o PSB por decidir apoiar o ex-presidente nas eleições deste ano. “Nós temos que ter os olhos abertos para enxergar e ter a humildade de entender que ele [Lula] é hoje aquele que melhor reflete o sentimento de esperança do povo brasileiro”, afirmou o ex-governador de São Paulo.
Segundo Alckmin, Lula representa a “própria democracia porque é fruto dela”, e por ter conhecido as “vicissitudes”, é quem mais bem “interpreta o sentimento da alma nacional”. “Eu disputei com Lula em 2006, mas nunca colocamos em risco a questão democrática. O debate era de outro nível. Democracia é um valor, um princípio, e a principal tarefa é combater a mentira”, afirmou.
Em entrevista logo após o evento, Alckmin foi questionado sobre qual seria seu papel em um governo do presidente Lula, caso fosse eleito como vice-presidente na chapa do petista.
“Eu já fui vice-governador e governador. Sei os limites da competência da responsabilidade da tarefa. A minha disposição é de ajudar, se esse for o caminho. Reunir experiência executiva e legislativa”, afirmou Alckmin, que deixou o PSDB em dezembro, após 33 anos.
Veja a entrevista de Alckmin após a filiação
Antigos rivais
Antigos rivais, a aproximação entre Lula e Alckmin é recente. Em um dos ataques ao PT quando era candidato à Presidência pelo PSDB em 2018, Alckmin disse: “Não existe a menor chance de aliança com o PT. Vou disputar e vencer o segundo turno, para recuperar os empregos que eles destruíram saqueando o Brasil. Jamais terão meu apoio para voltar à cena do crime.”
Lula e Alckmin se enfrentaram diretamente em debates na disputa eleitoral de 2006, quando o petista tentava se reeleger e Alckmin era o candidato tucano ao Planalto.
No debate promovido pela RecordTV naquele ano, Alckmin afirmou que o governo Lula tinha duas marcas, “parado na economia e acelerado nos escândalos”. Ele fazia referência ao Mensalão, escândalo de corrupção que explodiu no ano anterior, em que o governo Lula foi acusado de pagar congressistas em troca de votos.
No debate da Band, também ao longo da campanha eleitoral de 2006, o petista questionou Alckmin sobre uma suposta acusação de corrupção contra Barjas Negri, ex-ministro da Saúde no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), envolvendo irregularidades na pasta.
“Logo que deixou o ministério, o senhor Barjas Negri se tornou seu secretário de Educação. Me diga uma coisa, o senhor sabia ou não sabia das transações obscuras do senhor Barjas Negri quando o convidou?”, questionou. Alckmin respondeu que não tinha em seu governo secretários indiciados por corrupção.
Alckmin afirmou que “quem não tem moral para falar de ética é o governo Lula”, e foi questionado sobre CPIs pela Assembleia Legislativa de São Paulo ligadas à gestão do político. “69 pedidos de CPIs foram engavetados. A que preço eu não sei”, afirmou o petista na época da campanha.
Fotos – Os pré-candidatos à Presidência da República
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) participa de solenidade no Palácio do Planalto, em Brasília - 20/06/2022 • CLÁUDIO REIS/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
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Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente, governou o país entre 2003 e 2010 e é o candidato do PT • Foto: Ricardo Stuckert
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O candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) tenta chegar ao Palácio do Planalto pela quarta vez • FÁTIMA MEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
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Simone Tebet cumpre o primeiro mandato como senadora por Mato Grosso do Sul e é a candidata do MDB à Presidência • Divulgação/Flickr Simone Tebet
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Felipe d'Avila, candidato do partido Novo, entra pela primeira vez na corrida pela Presidência • ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
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José Maria Eymael (DC) já concorreu nas eleições presidenciais em 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018, sempre pelo mesmo partido • Marcello Casal Jr/Agência Bras
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Vera Lúcia volta a ser candidata à Presidência da República pelo PSTU. Ela já concorreu em 2018 • Romerito Pontes/Divulgação
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Leonardo Péricles, do Unidade Popular (UP), se candidata pela primeira vez a presidente • Manuelle Coelho/Divulgação/14.nov.2021
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Sofia Manzano (PCB) é candidata à Presidência da República nas eleições de 2022 • Pedro Afonso de Paula/Divulgação
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Senadora Soraya Thronicke (União Brasil-MS), candidata à Presidência da República - 02/08/2022 • ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
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Padre Kelmon (PTB) assumiu a candidatura à Presidência após o TSE indeferir o registro de Roberto Jefferson (PTB) • Reprodução Facebook
Eduardo Campos
Em sua fala hoje, marcada pela defesa da unidade para derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL) em outubro, o ex-tucano voltou a citar o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, que morreu num acidente de avião em 2014 e era um dos nomes mais importantes do PSB, e de personagens ligados à luta pela redemocratização no Brasil, como Ulysses Guimarães e Mário Covas.
Segundo o analista político da CNN Gustavo Uribe, o PT e o PSB avaliam promover o lançamento da dobradinha eleitoral entre Lula e Alckmin no dia 9 de abril.
No evento desta quarta-feira, em Brasília, Alckmin dividiu o palco com outras filiações de peso do PSB — o vice-governador do Maranhão Carlos Brandão (ex-PSDB), que disputará o governo de seu estado, e o senador Dario Berger (ex-MDB), que concorre ao Governo de Santa Catarina.
No total, foram cerca de 40 novos filiados na ocasião, incluindo também o advogado criminalista Augusto de Arruda Botelho e Carmen Silva, líder do Movimento dos Sem-Teto do Centro.
O evento ainda contou com os governadores filiados ao partido: Paulo Câmara (Pernambuco), Renato Casagrande (Espírito Santo), João Azevêdo (Paraíba) e Flávio Dino (Maranhão). Outras figuras conhecidas do partido, como João Campos (prefeito de Recife), Marcelo Freixo (pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro) e Márcio França (ex-governador e pré-candidato ao governo de São Paulo) também compareceram.
(Publicado por Estêvão Bertoni)