Ivan Valente diz que Forças Armadas ameaçam eleições; Filipe Barros defende legitimidade
O deputado do PSOL defendeu em debate na CNN que os militares realizem só a logista e a segurança das urnas, já o do PL diz que fiscalizar a votação é uma das atribuições deles


Em debate realizado pela CNN nesta sexta-feira (15), o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) afirmou que as Forças Armadas ameaçam as eleições. Já o deputado Filipe Barros (PL-PR) defendeu a atuação dos militares.
“O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) convidou as Forças Armadas para fazerem parte da comissão. Portanto elas estão atendendo a uma solicitação do Judiciário”, defendeu Barros, que é aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele se referiu à Comissão de Transparência das Eleições, criada pela corte.
“O convite é para dar sugestões, não é para intervir. O resto é ameaça”, rebateu Valente.
Bolsonaro critica o TSE por, segundo ele, não ouvir sugestões das Forças Armadas para as eleições. O presidente questionou diversas vezes a confiança do sistema eleitoral brasileiro, apesar de não apresentar provas que comprovem suas acusações.
O deputado do PSOL defende que os militares tenham apenas um papel de logista e a segurança das urnas nas eleições “Forças Armadas não apura eleições”.
Barros contra-argumentou que os integrantes da comissão do TSE, o que inclui os militares, têm atribuições de “fiscalizar e participar da fiscalização de todas as fases do processo de votação”.
Na visão de Barros, as eleições envolvem a segurança nacional, “portanto de uma atribuição que também é das Forças Armadas”.
Ivan Valente discorda. “Nós passamos quase 30 anos sem ter eleições para presidente porque as Forças Armadas não deixavam”, disse, em referência à ditadura militar. “Então soa estranho que as Forças Armadas sejam agora as fiadoras do processo eleitoral”, defendeu.
Ele também criticou a atuação do ministro da Defesa de Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira. “A postura do ministro envergonha aos próprios generais, aos oficiais das Forças Armadas que têm outras funções a cumprir do que ser babá de urna”, disse.
O ministro da Defesa de Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira, propôs um teste com cédula de papel nas eleições deste ano. Segundo ele, este seria um teste de “integridade” das urnas eletrônicas –alvo dos ataques do presidente. Filipe Barros foi relator da PEC (proposta de emenda à Constituição) que estabelecia a impressão dos votos nas urnas eletrônicas.
Debate
A CNN realizará o primeiro debate presidencial de 2022. O confronto entre os candidatos será transmitido ao vivo em 6 de agosto, pela TV e por nossas plataformas digitais.