
Molica: Investigação de vazamento de dados do TSE inclui recado político
No Liberdade de Opinião desta quinta-feira (3), Fernando Molica analisa a o envio à PGR do relatório da PF sobre vazamento de dados sigilosos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
No quadro Liberdade de Opinião desta quinta-feira (3), o comentarista Fernando Molica analisou o enviou à Procuradoria-Geral da República (PGR) do relatório da Polícia Federal (PF) que aponta que houve crime no vazamento de dados sigilosos sobre inquérito que apura ataques de hackers ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), apontou que a delegada da Polícia Federal, Denisse Dias Rosas Ribeiro, responsável pelo inquérito policial, “enumerou as inúmeras diligências e depoimentos realizados e certificou a ausência do Presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), ao depoimento marcado para o dia 28/1/2022″.
Moraes pediu que a PGR se manifeste, tanto sobre o inquérito quanto sobre a ausência do presidente, em um prazo de 15 dias.
Para Molica, não há dúvidas de que o relatório elaborado pela PF atribui ao presidente da República responsabilidade pelo vazamento de informações sigilosas, e que a decisão agora cabe a PGR.
"O relatório é muito direto, ao atribuir ao presidente da República, ao deputado federal Felipe Barros (PSL), e ao ajudante de ordens do presidente, coronel Mauro César Barbosa Cid, a responsabilidade pelo vazamento de informações sigilosas. Há um depoimento do deputado que diz que o presidente teve acesso a informações do inquérito da PF, e é muito conclusivo".
No entanto, Molica ressaltou que, mesmo que a PGR decida denunciar o presidente, a possibilidade de aprovação de uma investigação por parte da Câmara dos Deputados é pequena.
"Agora isso vai para a mão da PGR. Caberá ao procurador-geral a decisão de denunciar o deputado e o presidente. Caso ele decida denunciar, haverá necessidade da Câmara dos Deputados aprovar a possibilidade de processo contra o presidente da República, o que é muito improvável, pela relação que o presidente tem com a Câmara [Arthur Lira]".
Fernando Molica enfatizou que a investigação manda um recado importante da Justiça em ano de eleição. "Toda essa investigação tem um sinal para o presidente Bolsonaro, o foco de que, diferente de 2018, a Justiça Eleitoral estará mais atenta. Serve como um recado, tem o sentido do inquérito e tem o recado político."
Reabertura do ano legislativo
Com a volta das atividades do Legislativo na quarta-feira (2), os chefes dos três Poderes discursaram no Congresso. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) destacou que o ano será especialmente árduo no ponto de vista político por conta das eleições, e pediu que os perdedores saibam respeitar o resultado das urnas.
Presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) defendeu que interesses políticos sejam deixados para outubro e se trabalhe com mais afinco para aprovar medidas necessárias para o país.
O ministro Luiz Fux, presidente do STF, declarou que o Poder Judiciário se reinventou para continuar garantindo acesso à justiça e assegurando direitos fundamentais da população afetada pela pandemia.
Já o presidente Jair Bolsonaro agradeceu à base aliada por aprovar projetos, disse que jamais anulará a reforma trabalhista e defendeu que não se regule a mídia.
Federação entre PSDB e MDB
Os presidentes do PSDB e do MDB confirmaram a abertura de conversas para a criação de uma federação entre as legendas. Pelo Twitter, o tucano Bruno Araújo disse que irá se dedicar a ouvir internamente o conjunto das lideranças e chamou a eventual parceria de "poderosa força política entre partidos que tem relevante história na vida pública do país".
O emedebista Baleia Rossi destacou que precisa ouvir as bancadas e diretórios estaduais, já que, no seu partido, "todas as decisões precisam ser tomadas de forma amplamente democrática".
As duas siglas possuem pré-candidatos à presidência: o governador de São Paulo, João Doria, pelo PSDB, e a senadora Simone Tebet pelo MDB. As conversas iniciais ainda não abordaram qual deles abriria mão da corrida eleitoral.
Aumento da Selic
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciou nova alta de 1,5 ponto percentual da taxa básica de juros, a Selic, que passa de 9,25% ao ano para 10,75%.
Essa foi a primeira reunião de 2022 do comitê e o oitavo aumento consecutivo do índice, que passou o período entre agosto de 2020 e março de 2021 no menor patamar histórico.
Com a alta, a Selic volta a ultrapassar dois dígitos pela primeira vez desde maio de 2017, na tentativa de trazer a inflação para dentro das metas de 2022 e 2023.
O Liberdade de Opinião teve a participação de Fernando Molica e Boris Casoy. O quadro vai ao ar diariamente na CNN.
As opiniões expressas nesta publicação não refletem, necessariamente, o posicionamento da CNN ou seus funcionários.