“Não é guerra contra Hamas, é genocídio palestino”, diz Lula sobre Israel
Confederação Israelita do Brasil afirma que declaração de Lula é “um ataque direto à comunidade judaica ”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta sexta-feira (5) que Israel não está fazendo guerra contra o Hamas, mas genocídio contra a população da Palestina.
“Acho que a comunidade judaica brasileira deveria enviar uma carta pro [Benjamin] Netanyahu e dizer que ele não está fazendo guerra contra o Hamas, está matando mulheres e crianças, está fazendo um genocídio lá. Pra se manter no poder. É isso que as pessoas da comunidade judaica deveriam fazer aqui no Brasil, não é defender um criminoso, um genocida", disse Lula em entrevista ao "SBT Brasil".
"Se alguém diz que eu tenho simpatia pelo Hamas é de uma ignorância, má-fé, de uma estupidez que não merece crédito. Eu defendo o Estado Palestino”, prosseguiu.
Em resposta, a Conib (Confederação Israelita do Brasil) disse durante a exibição da entrevista que “a declaração de Lula é um ataque direto à comunidade judaica, que é plural e politicamente diversa. A Conib afirma ainda que ‘matar mulheres e crianças' é uma das mais antigas acusações antissemitas da história, e é lamentável que o presidente da República promova isso.”
Já a Federação Israelita do Estado de São Paulo afirmou que “recebeu a fala de Lula com preocupação e que a comunidade judaica brasileira é comprometida com a democracia, a justiça e a paz.”
Relações diplomáticas
Em agosto, o governo israelense retirou a indicação do diplomata Gali Dagan para o posto de embaixador de Israel no Brasil.
O nome havia sido indicado desde o mês de janeiro, mas Brasília não havia sinalizado disposição em autorizá-lo até então.
Com o impasse, Israel informou ao Palácio do Itamaraty que as relações diplomáticas entre os países serão afetadas.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil teria ignorado os últimos esforços da chancelaria israelense para manter um representante de Israel no Brasil.
A CNN apurou que representantes da Embaixada de Israel se reuniram com o setor do Itamaraty responsável pelo Oriente Médio para apresentar uma lista de medidas que poderiam convencer o governo a destravar a nomeação.
Durante as reuniões, teriam sido mencionadas algumas possibilidades, com o objetivo de entender que tipo de gesto seria suficiente ou esperado pelo Itamaraty em meio à tensão diplomática entre os dois países. No entanto, o ministério não respondeu.
A CNN apurou, em ocasiões anteriores, que o Brasil não teria interesse em voltar a ampliar as relações com Israel pelo menos até o fim de guerra em Gaza.


